Nas últimas semanas, a Ucrânia sofreu alguns dos piores ataques desde o início da invasão russa.
A afirmação foi feita pela subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, durante a sua participação esta quarta-feira numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito.
Data mais mortal de 2023
DiCarlo afirmou que só entre 29 de dezembro e 2 de janeiro foram registradas 96 mortes de civis e 423 feridos. Só no dia 29, ocorreram 58 mortes e 158 feridos, tornando a data a mais mortal de 2023.
Ela disse que durante as férias de fim de ano, ataques de drones e mísseis atingiram vários alvos em toda a Ucrânia.
Na região de Kherson, edifícios residenciais e um centro médico, bem como uma estação ferroviária lotada com mais de uma centena de civis que aguardavam evacuação, foram atingidos. Também foram relatados bombardeios quase diários em parte da região de Kharkiv.
De acordo com DiCarlo, “os civis que vivem nas comunidades da linha de frente suportam o fardo mais pesado dos ataques de mísseis, drones e artilharia”. No total, 69% de todas as vítimas civis foram registadas nas regiões de Donetsk, Kharkiv, Kherson e Zaporizhzhia.
Riscos para crianças
O Subsecretário-Geral lembrou que “o impacto da guerra nas crianças é particularmente terrível”. Desde o início do conflito, quase dois terços da população infantil da Ucrânia foi forçada a fugir das suas casas.
Estima-se que 1,5 milhões de crianças correm risco de stress pós-traumático e outros problemas de saúde mental.
Os recentes ataques russos danificaram ou destruíram pelo menos oito escolas e dez instalações de saúde, incluindo uma maternidade. No total, sete mil escolas permanecem inacessíveis às crianças, restringindo o seu direito à educação.
Conflito “sem fim à vista”
DiCarlo disse que o Conselho de Segurança se reuniu mais de 100 vezes em vários formatos para discutir as consequências angustiantes da guerra na Ucrânia.
E, no entanto, o mundo está “à beira do terceiro ano do conflito armado mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, sem fim à vista”, disse ela.
Desde o início da invasão em grande escala da Rússia, o Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos verificou 29.579 vítimas civis: 10.242 pessoas mortas, incluindo 575 crianças, e 19.337 feridas, incluindo 1.264 crianças.
Inverno com menos 15°C
Também presente na sessão do Conselho de Segurança, o diretor de Operações e Advocacia do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, afirmou que “não há trégua na morte, destruição, deslocamento forçado e sofrimento humano”.
Edem Wosornu disse que desde 29 de dezembro tem sido observada uma intensificação do conflito, com ataques aéreos em toda a Ucrânia causando mais mortes e feridos civis e danos e destruição generalizados em casas, escolas, hospitais, energia e outras infraestruturas civis críticas.
Em todo o país, disse ela, os ataques e as condições meteorológicas extremas deixaram milhões de pessoas num número recorde de 1.000 vilas e cidades sem eletricidade ou água no início desta semana, à medida que as temperaturas caíram abaixo dos 15°C. C negativos.
O representante de Ocha destacou que a última onda de ataques teve um impacto ainda maior nas operações de ajuda e afetou os profissionais humanitários.
O número de trabalhadores humanitários mortos mais do que triplicou, de quatro em 2022 para 15 em 2023. Outros 35 ficaram feridos.
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