Enviado da ONU ao Oriente Médio expõe pesadelo, trauma e dor com piora do conflito

No Conselho de Segurança, o coordenador especial do Processo de Paz no Médio Oriente descreveu uma situação de “pesadelo, trauma e dor incomensuráveis” em Gaza, desencadeada pelos ataques do Hamas ao sul de Israel em 7 de Outubro de 2023.

Numa sessão realizada esta segunda-feira, Tor Wennesland, considerou que a situação no enclave se encontra numa “encruzilhada sombria”.

Avanço de assentamentos

Para o mediador da ONU, as agências humanitárias continuam a enfrentar um “ambiente operacional incrivelmente desafiante e perigoso” com ataques à ajuda humanitária, tanto por grupos armados palestinianos como por forças israelitas.

Na Cisjordânia, “a expansão dos colonatos continua inabalável”. Ele disse que Israel “tomou inúmeras medidas para acelerar o avanço dos assentamentos, com alguns ministros agora pedindo abertamente a anexação formal”.

Tor Wennesland apresentou os cenários da guerra entre o Hamas e Israel na região, que passou a envolver grupos armados não estatais e grandes áreas do Líbano com as forças do Hezbollah, além de repetidas trocas de insultos entre Israel e o Irã.

Para o enviado, as ações armadas da Linha Azul eclodiram numa guerra total entre Israel e o Hezbollah. À medida que os foguetes são disparados do Líbano em direção ao norte e centro de Israel, os ataques aéreos e as operações terrestres de Israel produzem números alarmantes de vítimas e destruição generalizada.

Iêmen, Iraque e Síria

Por outro lado, grupos armados que operam a partir do Iémen, Iraque e Síria lançam mísseis e projéteis em direção ao território israelita, onde as autoridades locais continuam a atacar territórios iemenitas e sírios.

Em Israel e no Irão há confrontos militares abertos e directos com centenas de drones e mísseis iranianos que receberam a resposta israelita com ataques aéreos.

Anteriormente, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, Unrwa, confirmou que um grande comboio de ajuda humanitária em Gaza foi saqueado no meio de um “colapso quase total da lei e da ordem” e do assédio do pessoal da agência por parte de soldados israelitas.

Mais de 100 caminhões foram saqueados, principalmente transportando mercadorias. Entre 80 e 90% do comboio destinava-se à Unrwa e ao Programa Alimentar Mundial.

Na apresentação ao Conselho de Segurança, Wennesland disse que os ataques à ajuda humanitária e a pilhagem de bens essenciais, incluindo por grupos armados palestinianos, continuam a ser um “obstáculo sério e não resolvido”.

Falando sobre um cessar-fogo, ele enfatizou que “não deve haver presença militar israelense de longo prazo em Gaza”, enfatizando ainda que a área “deve continuar a ser parte integrante de um futuro Estado palestino – sem reduções no seu território”.