Esta terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas disse estar alarmado com a escalada de violência no Haiti, com gangues armadas a ganhar terreno na capital, Porto Príncipe.
Num comunicado divulgado pelo porta-voz, António Guterres destaca que apoia fortemente os esforços da Polícia Nacional Haitiana, trabalhando com a Missão Multinacional de Apoio à Segurança, MSS, para lidar com a crescente violência.
Apoio financeiro e logístico
O chefe da ONU faz um apelo urgente para garantir que o MSS receba o apoio financeiro e logístico necessário para executar com sucesso o seu mandato. Guterres também enfatiza a importância de progressos urgentes na transição política.
A capital haitiana foi descrita como “quase completamente paralisada” em meio ao agravamento da violência que levou mais de 20 mil pessoas a deixarem suas casas desde o fim de semana passado.
Mais de 17 mil do número total de haitianos que fugiram das suas casas em quatro dias procuram abrigo em 15 locais de deslocamento com cadeias de abastecimento em colapso.
Grupos uniram forças na capital
A ação de gangues armadas gerou a maior onda de deslocamentos desde agosto de 2023. Vários grupos uniram forças para reforçar o controle sobre a capital do país, que está marcada pela instabilidade desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021.
A Organização Mundial para as Migrações, OIM, mencionou a limitação da polícia nacional, que opera sobrecarregada e mal equipada.
Há uma semana, um avião da Spirit Airlines, com base nos Estados Unidos, foi baleado enquanto pousava no aeroporto nacional do Haiti. O incidente deixou um comissário ferido.
A Administração Federal de Aviação dos EUA proibiu voos para território haitiano por pelo menos 30 dias. A suspensão das chegadas internacionais agravou a sensação de isolamento do Haiti.
No coração de Porto Príncipe, capital do Haiti, a escalada da violência tornou-se uma realidade sombria, levando ao deslocamento em massa de mulheres e crianças
Desafios para alcançar as pessoas afetadas
Com o acesso ao principal porto marítimo restrito e as estradas controladas por gangues, os suprimentos essenciais não conseguem chegar às populações vulneráveis.
Para o chefe da OIM no Haiti, o isolamento de Porto Príncipe “agrava uma situação humanitária já terrível”. Grégoire Goodstein disse que apenas 20% do território da capital é acessível e que os trabalhadores humanitários enfrentam imensos desafios para chegar às pessoas afectadas.
Por outro lado, os grupos criminosos continuam a espalhar-se e a assumir o controlo de mais bairros, isolando ainda mais comunidades na capital haitiana.
Sofrimento de mulheres e crianças
Além de lidar com a falta de recursos e permanecer sobrecarregada, a força de segurança nacional enfrenta desafios significativos na contenção da violência.
De acordo com o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas, o número total de mortes causadas pela actividade de gangues atingiu 4.000 no ano passado.
Os níveis de violência baseada no género, incluindo a violência sexual, habitualmente utilizada como táctica terrorista, são considerados alarmantes. As mulheres e as crianças sofrem desproporcionalmente com a crise que deixa 94% das mulheres e raparigas deslocadas em alto risco de violência.
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