O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se esta segunda-feira para votar um projeto de resolução que apelava a uma maior proteção dos civis no conflito no Sudão e a um cessar-fogo. A Rússia vetou a proposta.
Mais de 20.000 pessoas morreram na guerra entre o Exército Sudanês e as Forças de Apoio Rápido, RSF, e milhões foram deslocados.
Conteúdo da proposta rejeitada
Se tivesse sido adoptada, a resolução teria representado uma condenação dos ataques em curso dos paramilitares da RSF em El Fasher, no Darfur, e um apelo do Conselho de Segurança para a suspensão de todos os ataques contra civis.
O texto apelava ainda ao início de “um diálogo de boa fé” entre as partes com vista a um cessar-fogo nacional.
A resolução vetada também propunha o estabelecimento de pausas humanitárias e o acesso rápido e seguro à ajuda através das fronteiras. A proposta sublinhava que todas as partes devem tomar medidas urgentes para acabar com a violência sexual e evitar que esta seja usada “como uma táctica de guerra”.
Reações ao resultado
O secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, que presidiu à reunião, falou a título nacional, dizendo que durante mais de 18 meses, os civis sudaneses sofreram “violência inimaginável”.
Ele citou “atrocidades motivadas por ódio étnico, violência sexual, incluindo estupro em massa, e crianças sequestradas e recrutadas como soldados”.
Para o diplomata britânico, “o veto russo é uma vergonha”. Ele afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, “usa mercenários para espalhar o conflito e a violência por todo o continente africano”.
O representante permanente da Rússia no Conselho, Dmitry Polyanskiy, disse que o principal problema da resolução era que ela continha “um falso entendimento sobre quem tem a responsabilidade de proteger os civis e quem deve tomar a decisão de convidar forças estrangeiras para o Sudão”.
Segundo ele, este papel deveria ser da responsabilidade do governo sudanês, mas este ponto não foi mencionado na proposta do Reino Unido, “demonstrando uma tentativa de interferência nos assuntos sudaneses”.
Compromisso com a passagem da ajuda humanitária
Na semana passada, a Coordenadora Residente e Humanitária da ONU no Sudão, Clementine Nkweta-Salami, saudou a decisão do governo sudanês de prolongar a utilização da passagem fronteiriça de Adré, um canal vital para a assistência humanitária, por mais três meses.
Esta prorrogação, com efeitos a partir de quarta-feira, garante que itens essenciais de ajuda continuarão a fluir do Chade para as regiões do Sudão afectadas pelos combates, especialmente Darfur.
Segundo ela, os profissionais humanitários valorizam esta decisão, pois a passagem da fronteira do Adré é “uma tábua de salvação para centenas de milhares de pessoas vulneráveis em todo o país”.
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