A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), notificou 20 operadoras de planos de saúde para fornecer explicações sobre onda de cancelamento unilateral que aumentaram o número de reclamações à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e aos beneficiários afetados, incluindo pacientes com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), doenças raras, câncer e idosos. As empresas têm dez dias para apresentar suas posições.
O secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous, classificou a rescisão como uma situação “inaceitável”, pois coloca em risco o bem-estar e a vida de milhares de pessoas, principalmente aquelas que dependem de tratamentos que não podem ser interrompidos.
“A Senacon tem o compromisso de garantir que os prestadores de saúde respeitem os direitos do consumidor, proporcionando transparência e segurança. Estamos a tomar medidas rigorosas para garantir que estes abusos sejam restringidos e que os beneficiários tenham as suas necessidades satisfeitas com dignidade e respeito”, afirmou num comunicado.
Reclamações contra planos de saúde
Uma análise de diferentes plataformas mostrou que o volume de reclamações tem sido elevado. Segundo a secretaria, a plataforma consumidor.gov.br recebeu 1.753 reclamações, o sistema ProConsumidor notificou 231 reclamações e o Sindec Nacional teve 66 ocorrências sobre o tema.
A partir do ano passado, houve um salto no número de reclamações unilaterais de cancelamento registradas na ANS. Segundo o órgão, entre janeiro e abril deste ano foram feitas 5.888 denúncias, um crescimento de 30,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao longo de 2023, foram registradas 15.279 reclamações. Em 2022, eram 11.096.
As reclamações também se espalharam pela esfera política. Foram protocolados dois pedidos de instauração de CPI contra planos de saúde após a onda de cancelamentos e denúncias de casos que chegou aos parlamentares da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa de São Paulo. Na Câmara, pelo menos duas audiências públicas debateram o tema nas últimas duas semanas.
“A Senacon destaca que muitos consumidores foram surpreendidos com a rescisão unilateral de seus contratos em um curto espaço de tempo, o que impediu a busca por alternativas viáveis. A preocupação aumenta no caso de beneficiários que necessitam de assistência contínua ou de longo prazo, que repentinamente ficam sem cobertura médica essencial”, disse a secretaria em nota.
Segundo o diretor de Proteção e Defesa do Consumidor, Vitor Hugo do Amaral, a Constituição garante a proteção do consumidor como direito fundamental e princípio da ordem econômica. “A atuação da Senacon visa proteger os consumidores contra práticas abusivas e garantir que os prestadores de saúde atuem com transparência e respeito aos direitos dos beneficiários”, afirmou, também em nota.
Consultado pela reportagem, o Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) disse que recebeu a notificação e que “está à disposição para contribuir com informações técnicas na busca de esclarecer pontos importantes sobre as operadoras de planos de saúde e as normas a que estão sujeitas”.
Afirmou ainda que “reafirma o seu compromisso institucional com a busca do acesso sustentável à saúde suplementar, que visa oferecer uma assistência eficiente e de qualidade ao beneficiário”.
Veja planos e associações notificados
- Unimed Nacional
- Bradesco Saúde
- Amil
- América do Sul
- Notre Dame Intermédica
- Porto Seguro Saúde
- Cruz dourada
- Feliz
- GEAP Saúde
- Assefaz
- Omint
- Uma Saúde
- Prevenir Idosos
- Então saúde
- MedSênior
- CarePlus
- Unidas – Sindicato Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde
- FenaSaúde – Federação Nacional de Saúde Suplementar
- Abramge – Associação Brasileira de Planos de Saúde
- Ameplan – Associação de Assistência Médica Planejada
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