Caracterizada por episódios de consumo excessivo de iguarias durante um curto período, a compulsão alimentar é geralmente tratada como um fenômeno temporário. Um estudo divulgado ontem pelo McLean Hospital, nos Estados Unidos, sugere que entre 45% e 61% das pessoas que sofrem com o problema continuam com o comportamento até cinco anos após o diagnóstico inicial. Segundo os autores, os resultados contradizem pesquisas anteriores que documentam uma remissão mais rápida.
“A grande conclusão é que o transtorno da compulsão alimentar periódica melhora com o tempo, mas para muitas pessoas dura anos”, disse a primeira autora Kristin Javaras, psicóloga da Divisão de Saúde Mental Feminina de McLean, em um comunicado. “É realmente importante entender quanto tempo dura o transtorno da compulsão alimentar periódica e qual a probabilidade de as pessoas terem uma recaída, para que possamos prestar melhores cuidados”. Os resultados foram publicados em 28 de maio na revista Medicina Psicológica.
Evolução
Para compreender melhor a evolução do transtorno da compulsão alimentar periódica, os pesquisadores acompanharam 137 adultos ao longo de cinco anos. Os participantes, com idades entre 19 e 74 anos e índice de massa corporal médio de 36, foram avaliados no início do estudo e reexaminados dois anos e meio e cinco anos depois.
Dois anos e meio após o início do estudo, 61% preenchiam todos os critérios para o transtorno. Após cinco anos, 46% ainda não haviam apresentado melhorias significativas. Javaras destaca que, desde o fim do acompanhamento, os pesquisadores buscam opções de tratamento mais duradouros.
Multifatorial
A nutricionista Ana Paula Braun, de São Paulo, destaca que a compulsão alimentar é multifatorial. “Está associada a diversos fatores, incluindo questões emocionais, genéticas, sociais e ambientais, que podem levar a graves consequências para a saúde física e mental”, afirma. Portanto, não é um tratamento simples. “O ideal é criar estratégias saudáveis para lidar com o estresse emocional e desenvolver hábitos alimentares equilibrados, com apoio de profissionais de saúde, nutricionistas e psicólogos”.
Segundo a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro, a ajuda deve ser procurada quando o paciente percebe a relação entre saúde emocional e fome, tratando as causas que levam à compulsão alimentar. “O tratamento deve envolver mais de um especialista, sendo endocrinologistas e psiquiatras, além de nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, que podem trabalhar juntos para identificar esses gatilhos emocionais e ajudar o paciente a melhorar sua relação com a comida”, finaliza. .
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