Com efeitos duradouros, cirurgia plástica pode ganhar no custo-benefício

Com efeitos duradouros, cirurgia plástica pode ganhar no custo-benefício



A história da cirurgia plástica é repleta de curiosidades. A maioria das pessoas ficaria surpresa ao saber que, no século VI a.C., na Índia, já era realizado um tipo rudimentar de rinoplastia. A técnica surgiu para restaurar o rosto de indivíduos que tiveram o nariz amputado como punição por algum crime, como roubo ou adultério.

Os tempos mudaram, é verdade, mas a rinoplastia continua a ser uma das cirurgias plásticas mais realizadas no mundo. Em 2020, segundo dados da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), o Brasil liderou esse ranking, com quase 90 mil procedimentos desse tipo. Esta cirurgia, em particular, pode ser motivada tanto por razões estéticas (alteração do tamanho do nariz ou da largura do dorso, correção de narinas muito largas ou assimetrias) como para resolver dificuldades respiratórias (desvio de septo).

Hoje a decisão de fazer uma cirurgia plástica é relativamente comum, mas nem sempre foi assim. No século XVI, Gasparo Tagliacozzi, professor da Universidade de Bolonha, considerado o pioneiro desta especialidade, foi alvo de críticas por parte de teólogos, para quem a tentativa de aperfeiçoar a obra de Deus era uma espécie de heresia. Após a sua morte, o Tribunal da Inquisição ordenaria a queima das suas obras. Considerados pecaminosos, os facelifts foram proibidos em Paris em 1788.

No final do século XIX, com a anestesia (desde 1846) e a antissepsia (desde 1867), a cirurgia plástica, incluindo a cirurgia estética, obteve avanço significativo, pois reduziu a dor e aumentou a segurança dos procedimentos. Foram, no entanto, as duas grandes guerras do século XX, que produziram legiões de soldados gravemente feridos, amputados ou desfigurados, que impulsionaram o desenvolvimento da especialidade. A necessidade de reconstrução levaria ao aprimoramento de técnicas, que também seriam utilizadas para embelezar o corpo e as feições.

Cuidar da aparência também é saúde

Inicialmente, a cirurgia estética, diferentemente da cirurgia reconstrutiva, que nasceu de uma necessidade de saúde, estava associada apenas à vaidade. Por ser um procedimento caro, estava ao alcance de poucas pessoas: a clientela das clínicas vinha principalmente da alta sociedade. Manter a melhor aparência possível, retardando ao máximo as marcas do envelhecimento, ainda era um privilégio de poucos, mas, sem dúvida, um desejo de muitos.

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No entanto, esta situação mudou há muito tempo. Isso porque os procedimentos estéticos cirúrgicos, por um lado, tornaram-se muito mais acessíveis e, por outro, passaram a ser vistos como parte da saúde em sentido amplo, pois proporcionam bem-estar, satisfação pessoal e auto-estima. confiança. Ao elevar a autoestima do paciente, a cirurgia plástica deixa de ser um luxo e passa a ser um componente relevante da qualidade de vida. Cuidar da sua aparência também é cuidar da sua saúde.

Mesmo assim, o medo de não obter o resultado esperado – ou sonhado – e os possíveis riscos que todos os tipos de cirurgia trazem inibem alguns pacientes, que, paradoxalmente, não hesitam em se submeter a inúmeros procedimentos estéticos considerados não invasivos. (preenchimentos, toxina botulínica, colocação de fios, harmonização facial, etc.) diversas vezes ao ano.

Muitas pessoas procuram esses procedimentos imaginando que são indolores, rápidos, sem tempo de recuperação, sem riscos e mais baratos, como quem procura um salão de beleza. Na realidade, porém, nem sempre são indolores e, mais do que isso, podem causar hematomas, inchaços e outras reações incômodas que exigem cuidados e algum tempo de descanso. Quanto aos resultados, mesmo quando bons, são bem menos duradouros que os da cirurgia plástica.

As técnicas cirúrgicas evoluíram muito, os riscos são hoje muito baixos e – o que nem todos sabem – os preços são mais acessíveis. Os resultados da cirurgia, em geral, são muito mais naturais e seguros, já que o paciente passa por uma rigorosa avaliação médica antes da intervenção.

Custo benefício

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O ideal é que quem pensa em se submeter a algum tipo de procedimento estético consulte um cirurgião plástico em vez de escolher um preenchimento ou aplicação de Botox em catálogo. O profissional saberá recomendar para cada paciente o tratamento, cirúrgico ou não, que melhor atenda às suas necessidades, mostrando as limitações de cada paciente, os riscos, os cuidados necessários e também o custo-benefício.

Além da segurança e durabilidade dos resultados, a cirurgia plástica hoje rivaliza com os procedimentos estéticos não invasivos também em termos de investimento. Afinal, o que é gasto em procedimentos repetidos de curto prazo pode não compensar no final do dia.

E mais: os pacientes tendem a ser bem menos exigentes na hora de procurar um profissional que irá realizar procedimentos em clínicas de estética, às vezes colocando as condições de pagamento em primeiro plano. Todo procedimento tem algum risco, por isso é muito mais seguro tomar a decisão em conjunto e com um profissional qualificado.

*Gerson Luiz Julio é especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), membro titular da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica), ASPS (Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos) e da Federação Ibero-Latino-Americana de Cirurgia Plástica (FILACP).



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