O uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças tornou-se uma preocupação crescente para especialistas em saúde. Entre os principais problemas oculares relacionados ao tempo de tela estão a miopia, a fadiga ocular e a síndrome do olho seco. Contudo, os impactos não param por aí. O desenvolvimento mental, emocional e social das crianças também está em risco, com estudos sugerindo que o tempo prolongado de tela pode comprometer as habilidades cognitivas e a socialização.
Segundo a oftalmologista especialista em oftalmologia pediátrica e estrabismo, da Oftalmologia Felício Rocho, Lara Machado Seixas, o número de crianças afetadas por problemas de visão relacionados ao uso precoce de dispositivos digitais aumentou significativamente. “É preocupante ver como o tempo excessivo de tela está impactando a saúde ocular de crianças e adolescentes. E o uso inadequado pode causar fadiga ocular, miopia e síndrome do olho seco”, alerta o médico.
Uma pesquisa recente do projeto Num piscar de olhosque avaliou mais de 110 mil estudantes de escolas públicas no Brasil, revelou que duas em cada dez crianças, com idade entre seis meses e 15 anos, apresentam algum tipo de problema de visão. Destes, 21 mil tinham dificuldade para enxergar, mas aproximadamente 18 mil ainda não usavam óculos, o que impacta diretamente no desempenho escolar, na autoestima e na socialização das crianças, conforme aponta o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Além disso, estima-se que, na América Latina, 40% dos casos de cegueira infantil poderiam ser evitados com acesso adequado a cuidados de saúde ocular.
Recomendações e alternativas saudáveis
Lara Seixas destaca a importância de limitar o tempo de exposição às telas de acordo com a faixa etária das crianças. “Para crianças menores de dois anos, a recomendação é evitar completamente o uso de telas. Para idades entre dois e cinco anos, o ideal é não ultrapassar uma hora por dia. À medida que as crianças crescem, esse tempo pode ser aumentado gradativamente, mas sempre sob supervisão e com pausas regulares para descanso ocular”, sugere a especialista.
Para equilibrar o tempo de tela, o oftalmologista recomenda atividades que promovam o desenvolvimento saudável e envolvam movimento, como brincadeiras ao ar livre, leitura de livros físicos e interação social. “Os pais têm papel fundamental em fornecer alternativas que desenvolvam as habilidades cognitivas e emocionais das crianças, sem a necessidade de dispositivos eletrônicos”, afirma.
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