Um guia para navegar em meio à ‘epidemiaR…

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Há 30 anos, psiquiatras John Ratey e Eduardo Hallowell coloque o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) nas rodas de conversa e na boca do povo. Em 1994, lançaram Tendência à distração, o livro que popularizaria a doença que hoje atinge entre 5 e 8% dos brasileiros – e cujo diagnóstico só aumenta.

Os dois têm lugar de fala. Ambos convivem com o transtorno como médicos… e pacientes! Agora, três décadas depois da obra precursora, publicam no Brasil, pela Editora Sextante, TDAH 2.0um título que atualiza as descobertas de ciência sobre o problema e ensina táticas lidar com isso, tanto na infância quanto na vida adulta.

TDAH 2.0

O livro destaca, por exemplo, o papel do meditação e de exercícios físicos na mudança do padrão cerebral que nos permite viver melhor com o déficit de atenção e o hiperatividade mentalmas também reforça a importância do uso de medicamentos, quando bem orientado e supervisionado por especialistas.

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Em entrevista a VEJA, John Ratey, professor da Universidade de Harvard, comenta os avanços no conhecimento sobre o transtorno, o boom de novos casos e o perigo de banalizar o diagnóstico e o tratamento com medicamentos.

Em outras palavras, o autor.

John Ratey
Médico e professor John Ratey, especialista em TDAH (Foto: Acervo/Reprodução do autor)

Quanto progresso científico foi feito na compreensão do TDAH desde que você publicou seu primeiro livro, há 30 anos?

Muita coisa aconteceu desde que publicamos Tendência à distração. O que sabemos hoje sobre como funciona o cérebro, mais detalhadamente sobre a atenção, colocamos no livro TDAH 2.0. Uma boa maneira de entender a questão é pensar no cérebro em termos de conectomas. [redes de conexões entre neurônios]. Basicamente, são partes do órgão que trabalham juntas o tempo todo. O que vemos no transtorno de déficit de atenção é um padrão muito distinto em um desses conectomas, a chamada rede de modo padrão, que é ativada especialmente quando você não deveria estar pensando em nada. Mas entre as pessoas com TDAH, a mente divaga o tempo todo, está sempre procurando alguma coisa.

No cérebro, isso é compensado por outro conectoma, a rede de tarefas positivas, que é estimulada quando tentamos prestar atenção em alguma coisa. Atua para diminuir a potência da rede no modo padrão. Mas isso não acontece no TDAH. A rede do modo padrão continua tagarelando, pedindo que você procure algo interessante, e não fique preso aí. Para calá-la, por assim dizer, você precisa prestar atenção em algo muito importante ou crucial.

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Mas o que pode silenciar esta rede que consome atenção?

Práticas como meditação, certos medicamentos e atividade física têm um papel a desempenhar aqui. Eles ajudam a silenciar a rede por padrão, para que o indivíduo não se distraia daquilo em que está prestando atenção. Esse é o ponto: as pessoas com TDAH são constantemente afastadas de algo em que estão tentando se concentrar. Eles não conseguem manter a atenção porque há todos os tipos de distrações ao seu redor. Se pensarmos assim e entendermos que temos ferramentas como medicação, meditação e movimento, teremos mais chances de fazer com que os pacientes entendam o que estão enfrentando e uma boa dinâmica para lidar com todos os seus sintomas.

Estamos vendo um aumento no número de pessoas com TDAH. Você acredita que há uma banalização do diagnóstico?

Não, acho que o problema é que todos nós temos uma capacidade de atenção passageira. E a nossa capacidade de prestar atenção está a ser reduzida, especialmente devido à digitalização e às redes sociais. É um processo rápido, rápido e rápido. A cada momento captamos algo novo, algo mais sexy ou importante, que nos afastará daquilo que estávamos tentando prestar atenção.

O fato é que hoje temos mais dificuldade em manter a atenção, é algo que teremos que aprender a lidar. E isso pode fazer com que muitas pessoas pensem que têm transtorno de déficit de atenção. Mas os indivíduos que têm isso de sobra e enfrentam essa dificuldade de forma significativa são aqueles que tentamos abordar no livro. São eles que precisam de remédios, de meditação, de exercícios físicos… Que precisam se apaixonar, ter um bom companheiro ou um trabalho para o qual possam direcionar sua atenção.

No livro, você relata que muitos pacientes e familiares resistem ao tratamento medicamentoso para o TDAH. Ao mesmo tempo, pessoas sem essa condição tomam medicamentos para esse fim, a fim de se tornarem mais inteligentes. Vivemos num paradoxo?

Acho que sempre tivemos esse paradoxo. Os pais hesitam em usar medicamentos para os filhos ou para si próprios. As pessoas preferem aguentar firme, descobrir uma maneira de controlar as coisas sem medicação. Por isso também oferecemos formas de ajudar sem recorrer a medicamentos, procurando criar um ambiente melhor, recomendando exercício físico e meditação. A chave é conectar-se com aquilo em que você está tentando manter sua atenção.

O paradoxo é que muitas pessoas nos Estados Unidos, por exemplo, foram diagnosticadas com TDAH durante o confinamento imposto pela Covid-19. Esse era o pior ambiente para ficar alerta, só podíamos ficar em casa, longe de todo mundo. Então o que aconteceu? As pessoas apresentavam cada vez mais sintomas de TDAH, mais problemas de comportamento, motivação, ansiedade, solidão e atenção. Isso aumentou o número de pacientes diagnosticados e tratados com medicamentos.

Não sei o que aconteceu no Brasil, mas nos EUA tínhamos uma escassez enorme desses medicamentos, era muito difícil encontrá-los. O que estamos vendo agora, e provavelmente é um fenômeno mundial, é que as pessoas presumem que podem tomar medicamentos para prestar mais atenção. Mesmo na faculdade e no ensino médio. Eles querem tomar estimulantes para ficarem acordados, escrever os trabalhos do semestre e concluir os exames. Esse é o problema: alguns podem ter TDAH, mas muitos não. E há quem peça remédios emprestados aos amigos, o que, claro, é desaconselhável.

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