A miopia afetará metade da população mundial, ou seja, cerca de 4,7 bilhões de pessoas, até 2015, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o distúrbio visual não se restringe apenas aos adultos. As crianças, principalmente após a pandemia, também sofrem com o problema, principalmente pelo uso de telas e pela falta de exposição solar.
A miopia é um erro de refração em que uma pessoa tem dificuldade em ver claramente objetos distantes. Isso ocorre porque a luz que entra no olho é focada na frente da retina, em vez de ser focada diretamente nela. “Essa condição costuma ser causada por estiramento excessivo do globo ocular ou curvatura excessiva da córnea”, explica o oftalmologista Tiago Cesar.
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Na infância, a doença pode ser um problema significativo, pois interfere no desenvolvimento visual e nas atividades diárias, como leitura, desempenho escolar e esportes. “As crianças míopes podem não perceber que têm um problema de visão, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Além disso, nas fases iniciais, a miopia pode ser confundida com outras doenças oculares, como astigmatismo ou hipermetropia, e até com dificuldades de aprendizagem ou falta de atenção, pois a criança pode evitar atividades que exijam visão para longe”, revela.
A boa notícia é que hoje o mercado possui lentes que podem retardar a progressão da miopia ainda na infância. Atualmente, estão disponíveis diversos tipos de lentes para essa finalidade, que funcionam alterando o foco da luz periférica, o que ajuda a controlar o estiramento do globo ocular, principal causa da progressão da miopia.
“As novas tecnologias podem oferecer uma redução média de 40% a 60% na progressão da miopia, podendo ser recomendadas para crianças com miopia de rápido crescimento. com um oftalmologista especializado”, explica o sócio-gerente da rede óptica Centro Visão, Fernando Cardoso.
Essas lentes usam uma tecnologia que cria uma desfocagem periférica “míope” na retina. Isso significa que, além de corrigir a visão central, as lentes também geram um desfoque controlado na periferia da retina. A teoria por trás desta abordagem é que a desfocagem periférica desencoraja o alongamento do globo ocular, que é o principal responsável pela progressão da miopia.
“Esta estratégia demonstrou ser eficaz em vários estudos clínicos, oferecendo uma ferramenta valiosa para o controlo da miopia, especialmente em crianças. Esta abordagem ao controlo da miopia é fundamental para prevenir complicações futuras, como o aumento do risco de doenças oculares graves, como glaucoma e descolamento de retina, que estão associados a altos graus de miopia”, explica o oftalmologista.
Além das lentes citadas, também existem opções de lentes de contato que auxiliam na redução da progressão da miopia, porém, não são recomendadas para crianças, pois o uso de lentes de contato exige maiores cuidados, incluindo as lentes de contato multifocais gelatinosas, projetadas para alterar a foco da luz na visão periférica de maneira semelhante às lentes de óculos especializadas e lentes ortoceratológicas, lentes rígidas usadas à noite para remodelar temporariamente a curvatura da córnea, que ajudam a controlar a progressão da miopia a longo prazo.
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