Muitas pessoas acreditam que a surdez é uma condição de nascença, sem possibilidade de cura, e que a única forma de superar as limitações comunicativas é aprender a linguagem de sinais. Na verdade, existem casos congênitos de surdez de difícil recuperação e a linguagem de sinais é crucial para a comunicação.
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Mas o universo da surdez é muito mais amplo do que se imagina. Existem diferentes tipos de perda auditiva, algumas das quais podem surgir ao longo da vida e, em certos casos, ser reversíveis, como explica o otorrinolaringologista do Hospital Paulista e professor da Unifesp, José Ricardo Gurgel Testa.
“Tudo depende da localização da lesão no sistema auditivo. O grande desafio do médico é diagnosticar corretamente para buscar tratamentos que possam restaurar a audição ou, pelo menos, melhorar a qualidade de vida do paciente”, explica.
O médico ressalta que o ouvido é composto por três partes: externa, média e interna. Dependendo da área afetada, os problemas auditivos e os tratamentos podem variar. Portanto, os especialistas avaliam se:
– A perda auditiva é condutiva, quando o problema ocorre no ouvido externo e/ou médio, que são responsáveis por conduzir o som até o ouvido interno
– A surdez é neurossensorial, resultante de danos no ouvido interno, impedindo que o som seja transmitido ao cérebro
– A surdez é mista, envolvendo tanto o ouvido externo e/ou médio quanto o ouvido interno
– A perda auditiva é central, causada por dificuldades no processamento e compreensão do som
Este último tipo, segundo o especialista, é o mais complexo. “A perda auditiva central envolve todo o processamento e interpretação dos sons, que podem não estar diretamente relacionados ao ouvido, mas sim ao sistema nervoso.” Em outros casos, porém, há boas chances de recuperação, principalmente com o uso de aparelhos auditivos.
Conscientização é fundamental
Este mês, o tema é foco da campanha Setembro Azul ou Setembro Surdo que, desde 2011, mobiliza a comunidade médica no Brasil. A campanha tem como objetivo destacar as lutas e conquistas da comunidade surda e conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
“Manter as pessoas com surdez ou dificuldade auditiva integradas à sociedade é fundamental. O isolamento, principalmente dos idosos, pode levar ao desenvolvimento de quadros como depressão, demência e Alzheimer. Procurar atendimento médico é fundamental nesses casos”, afirma José Ricardo.
A prevenção é possível?
Além de conscientizar, o médico destaca que medidas preventivas podem ser adotadas para evitar a perda auditiva. “Embora fatores genéticos possam influenciar, hábitos saudáveis podem reduzir riscos. Evitar a exposição prolongada a ruídos altos e controlar doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, são medidas eficazes”.
O especialista também recomenda visitas regulares ao otorrinolaringologista para manter uma audição saudável.
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