Com confirmação do Ministério da Saúde do duas mortes por febre Oropoucheuma infecção transmitida por mosquitos, como primeiras mortes pela doença relatadas no mundoserviços de vigilância federais, estaduais e municipais devem reforçar seu trabalho de diagnóstico e acompanhamento de pacientes, segundo o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Jean Gorinchteynex-secretário de Estado da Saúde de São Paulo, que atuou no departamento durante a pandemia de Covid-19.
Os arbovírus já haviam chamado a atenção de entidades de saúde, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que alertou os países da região das Américas sobre o risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê diante da investigação casos de microcefalia e óbito fetal relacionados à doença no Brasil.
Nesta quinta-feira, 25, o Ministério da Saúde divulgou comunicado confirmando a morte de duas mulheres do interior da Bahia que apresentavam sintomas de dengue grave. Eles tinham menos de 30 anos e não tinham comorbidades (doenças anteriores). “Até o momento, não havia nenhum relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de morte pela doença”, informou o ministério.
“Os serviços de vigilância federais, estaduais e municipais precisam ficar muito atentos, porque temos 20 estados comprometidos. É preciso identificar e rastrear indivíduos doentes que retornaram de regiões de mata, mas também com sintomas típicos seja de dengue, zika ou chikungunya para garantir o rastreamento”, afirma Gorinchteyn. “Se testar negativo, deve fazer o teste para verificar se é Oropouche”, acrescenta.
O facto de as vítimas não terem a imunidade comprometida ou outras doenças é outro ponto que mostra a importância do controlo das infecções e a necessidade de reduzir o número de casos.
“Assim como a dengue, que pode ter manifestações mais graves e respostas inflamatórias, os óbitos podem ser registrados quando a doença apresenta maior número de casos devido à gravidade manifestada nas respostas individuais à doença”, explica o infectologista.
Morte sob investigação
O ministério informou que um óbito registrado em Santa Catarina continua sob investigação, mas foi descartado um óbito notificado no Maranhão suspeito de ter relação com a infecção.
Inicialmente, os casos estavam concentrados na região Norte do país, principalmente no Amazonas e Rondônia. Depois, eles se espalharam para outros estados. A doença é monitorada pela Sala Nacional de Arboviroses, que monitora outras infecções causadas por mosquitos, e foi registrada 7.236 casos de febre Oropouche em 2024.
“Sabemos que 93% dos registros estão na região amazônica, mas já temos casos autóctones, ou seja, de transmissão local, no Piauí, na Bahia e no Espírito Santo. Portanto, há uma discussão sobre a adaptação do vírus e do mosquito comum, o pernilongo. Culex, para transmissão do vírus”, explica o infectologista. Normalmente, o mosquito conhecido como maruim ou flebotomíneo é o vetor da doença.
Casos de transmissão de mãe para bebê
O Ministério da Saúde também está investigando seis casos de transmissão de mãe para bebê da doença que resultou em episódios de morte fetalOaborto espontâneo e três casos de microcefalia, malformação que provoca diminuição do perímetro da cabeça do bebê. Foram três episódios em Pernambuco, um na Bahia e outro no Acre.
“As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se existe relação entre a febre Oropouche e os casos de malformação ou aborto”, disse, em nota, o ministério .
Entenda a febre Oropouche
A febre Oropouche é causada pelo vírus OROV e é transmitida por mosquitos. Nas regiões urbanas, o Culex quinquefasciatus é um dos vetores.
Detectado pela primeira vez em Trinidad e Tobago em 1955, causou surtos esporádicos no Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960 através de uma amostra de sangue de uma preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Os sintomas da doença são febre de início súbito, dor de cabeça, rigidez articular e dor. Alguns pacientes apresentam fotofobia (intolerância visual à luz), náuseas e vômitos persistentes que podem durar de cinco a sete dias. Em casos mais graves, que são raros, a progressão para meningite asséptico.
Como evitar a febre Oropouche
Como outros arbovírus, não existe vacina disponível para prevenir a infecção.
A recomendação da Opas é usar roupas que cubram braços e pernas, instalar telas mosquiteiras nas portas e janelas, usar mosquiteiros nas camas e usar repelentes com DEET, IR3535 ou icaridina.
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