SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de útil, o autoexame não é recomendado para o diagnóstico de câncer de mama. O procedimento pode detectar nódulos maiores ou outras alterações, como sangramento, endurecimento ou alterações de cor. Por isso, a verificação é recomendada para mulheres com 20 anos ou mais.
A prática consiste em inspecionar as próprias mamas em busca de alterações e, ao perceber alterações, deve-se realizar uma avaliação médica o mais rápido possível. As mulheres podem realizar o procedimento de diversas formas, pois basta observar e palpar a região, mas existe uma forma recomendada por especialistas.
Oncologista e diretora técnica do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, Sabina Aleixo afirma que o autoexame deve ser feito em três etapas: na frente do espelho, no chuveiro e deitado.
“Diante do espelho, a mulher deve observar as mamas com os braços ao longo do corpo, depois levantados, procurando assimetrias, inchaços ou alterações na pele. Ao palpar no banho, ela deve usar as pontas dos dedos e realizar movimentos circulares, cobrir toda a mama e axilas A palpação na posição deitada permite uma percepção mais eficaz das alterações do tecido mamário”, explica.
A enfermeira Chrystina Barros, 50, por exemplo, descobriu um tumor na mama em 2020, ao apalpar a mama enquanto tomava banho. Na época, ela notou um caroço no seio esquerdo.
“Minha mamografia estava em dia, porque eu fazia o exame anualmente. Mas foi o fato de eu ter reconhecido meu corpo, tomado banho, apalpado e apalpado meus seios, que me fez, naquele dia, perceber que algo estava errado. o que aconteceu. Abriu a possibilidade de eu fazer um diagnóstico precoce”, diz.
A confirmação do tumor foi feita com exames de imagem, como mamografia e ultrassonografia, e biópsia, que é a retirada de um fragmento de tecido ou órgão do corpo para análise laboratorial. Depois, a enfermeira realizou cirurgia e radiografias. Hoje, ele usa medicamentos apenas para prevenir um possível retorno da doença.
Segundo Sabina Aleixo, para as mulheres que ainda menstruam, o ideal é realizar o autoexame entre o sétimo e o décimo dia do ciclo menstrual, quando as mamas estão menos sensíveis e inchadas. “Para quem não menstrua, é recomendado escolher um dia fixo no mês para fazer o exame, facilitando a criação de uma rotina regular”.
No caso das mulheres obesas, o autoexame pode não funcionar da mesma forma. Esse público tem mais dificuldade em identificar um nódulo mamário devido ao maior volume de tecido adiposo (gordura). Nestes pacientes é ainda mais importante a realização de exames de imagem.
QUE MUDANÇAS PODEM SER ENCONTRADAS COM O AUTO-EXAME?
Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres precisam ficar atentas aos seguintes sinais:
– nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos;
– pele do peito vermelha, retraída ou semelhante a casca de laranja;
– alterações no mamilo;
– pequenos nódulos nas axilas ou pescoço;
– liberação espontânea de líquido anormal pelos mamilos.
POR QUE O AUTO-EXAME NÃO SUBSTITUI A MAMOGRAFIA?
O Ministério da Saúde e a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) destacam que o autoexame ajuda a compreender o próprio corpo, mas não substitui o exame clínico das mamas.
“O procedimento tem a limitação de detectar apenas tumores maiores, e muitas vezes em estágios avançados”, afirma Sabina Aleixo.
Para o diagnóstico precoce, a mamografia é o método padrão ouro, capaz de detectar lesões muito pequenas, mesmo em estágios iniciais, o que aumenta significativamente as chances de cura. O autoexame, portanto, serve mais como complemento e não deve ser utilizado de forma isolada.
Segundo Daniela Giannotti, radiologista do Hospital Sírio-Libanês, após exames de imagem e palpação, é necessária uma biópsia para confirmar a suspeita.
“Com a coleta do material do nódulo ou calcificação, a região é amostrada e enviada para análise, para obter resposta se a alteração que apareceu nos exames de imagem ou no autoexame representa ou não câncer de mama”, explica. Giannotti.
QUEM DEVE FAZER MAMOGRAFIA?
Quanto mais rápido o câncer for detectado, maiores serão as chances de tratamento e cura. Em 2015, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estabeleceu diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama. Entre eles está a indicação do rastreamento (exame em mulheres que não apresentam sintomas) realizado com mamografia, que é um procedimento de imagem do tecido mamário que pode detectar nódulos ainda não palpáveis.
O rastreamento mamográfico é recomendado por especialistas para mulheres com mais de 40 anos de idade. No SUS (Sistema Único de Saúde), porém, os exames são autorizados para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Para pacientes que possuem recomendação médica, a mamografia pode ser feita em qualquer faixa etária.
Apesar de não serem rastreados pelo SUS, os homens também podem ter câncer de mama, mas são casos raros. Os homens podem fazer mamografia se tiverem recomendação médica.
Para homens trans que não fizeram mastectomia, existe opção de rastreamento no SUS desde 2022. As recomendações são as mesmas feitas para as mulheres.
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