Remédios à venda no supermercado? Proposta é rejei…

Remédios à venda no supermercado? Proposta é rejei…



Presente nas propostas de combate à inflação apresentadas no final do ano passado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o possibilidade de venda de medicamentos sem receita médica em supermercados foi duramente rejeitada pela Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que divulgou comunicado afirmando que a ideia teria um impacto impacto económico “desastroso” para o setor.

A série de propostas da Abras foi lembrada nesta quarta-feira, 22, quando a entidade reiterou os pontos apresentados e afirmou que a venda de medicamentos sem receita em supermercados poderia reduzir os preços em 35%.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, 23, a Abrafarma criticou a medida e afirmou que ela não leva em consideração os riscos à população. “Os medicamentos isentos de prescrição, apesar de não necessitarem de receita médica, apresentam riscos e muitas vezes necessitam de indicação específica, tanto que, em 68% das vezes, o cliente esclarece suas dúvidas com o farmacêutico sobre seu uso. Quem responderá a essas perguntas no supermercado? O açougueiro? O padeiro? O caixa? pergunta o texto assinado por Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma.

Relativamente à evolução económica, a associação informou que os medicamentos de venda livre representam cerca de 30% das vendas e que permitir a venda em supermercados prejudicaria as farmácias. “O impacto económico nas farmácias (das grandes às pequenas) seria desastroso.”

Segundo a Abrafarma, existem 93 mil farmácias no Brasil, o que gerar 2 milhões de empregos e atender às demandas de 99% das cidades do país. “Como o custo de funcionamento de uma farmácia é elevado (aluguel, salários, estoques e outros), provavelmente haveria um efeito rebote do aumento do preço dos medicamentos prescritos, impactando negativamente a saúde da população, principalmente dos mais pobres”, ele acrescenta.

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A associação também refutou a alegação de que os preços dos medicamentos seriam mais baixos nos supermercados. “O argumento de que os supermercados venderiam medicamentos a preços até 35% mais baixos é falacioso. Monitoramos os preços de mais de 1.000 itens comuns em farmácias e supermercados, e esses estabelecimentos vendem mais caros 50% das vezes. Por que então não vendem itens como fraldas, cotonetes, tinturas e outros mais baratos?”

Em resposta, a Abras publicou um comunicado afirmando que o projeto prevê contratação de farmacêuticos para responder às dúvidas dos consumidores e que países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e Canadá permitam a venda deste tipo de medicamento em supermercados.

“A nota da Abrafarma surpreende, principalmente pelo seu tom agressivo em relação ao mercado, considerando que hoje a maioria das farmácias vende de tudo, inclusive remédios. Esqueça a Abrafarma, as farmácias vendem medicamentos online e entregam na sua casa. Porque é que as farmácias podem vender medicamentos sem receita online e os supermercados não podem vender medicamentos sem receita pessoalmente?”

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Governo já se posicionou contra a proposta

A questão da venda de medicamentos em farmácias está em discussão na Câmara dos Deputadosonde o Projeto de Lei 1774/19 foi debatido pela Comissão de Saúde durante audiência pública em dezembro.

Na época, o Ministério da Saúde emitiu nota contrária ao PL por considerar que ele “compromete o alcance do eixo estratégico XIII da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que dispõe sobre a promoção do uso racional de medicamentos, por meio de ações que norteiam prescrição, dispensação e consumo”.

O ministério informou que mesmo medicamentos isentos de prescrição pode representar riscos à saúde. “Seu uso sem orientação adequada pode acarretar diversos problemas como automedicação inadequada, resultando em interações medicamentosas, intoxicações, agravamento de doenças não diagnosticadas e mascaramento de sintomas importantes. Essa prática dificulta o tratamento adequado e pode colocar em risco a saúde dos cidadãos, comprometendo a saúde pública.”

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