Em frente de queimado que afetam 60% do território brasileiroa ministra da Saúde Nísia Trindade anunciou em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 11, as novas recomendações da secretaria para evitar impactos na saúde da população desencadeados pela fumaça e fuligemcomo problemas cardiovasculares e respiratórios. Para localidades mais afetadas, a orientação é realizar distribuição de água e montar pontos de hidratação e nebulizaçãoinclusive em barracas, como as utilizadas no pico da epidemia de dengue.
Segundo Nísia, o país enfrenta duas situações ligadas à crise climática — e também ações criminosas — que impactam a saúde da população: secas e incêndios. No caso dos incêndios, a exposição a partículas pode ser perigosa para as pessoas que vivem em regiões próximas dos focos, especialmente as populações mais vulneráveis, como crianças, idosos e portadores de doenças crónicas.
Também foi demonstrada preocupação com aqueles que trabalham na linha de frente contra as chamas. “Sabemos que existem efeitos sensíveis a curto e longo prazo. Há risco aumentado de problemas cardiovasculares e respiratórios, os mais agudos nesse processo, e, em locais próximos aos incêndios, risco de intoxicação por fumaça. Por isso, também monitoraremos a saúde dos brigadistas florestais.”
Distribuição de água e pontos de nebulização
Para os estados e municípios mais afetados, o ministro disse que a recomendação é reforçar o atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que costumam receber pessoas com sintomas relacionados à exposição à fumaça — como desconforto respiratório, náuseas e vômitos —, além de fornecer suporte de hidratação.
“Nas áreas afetadas pela fumaça, com qualidade do ar comprometida, como vimos em São Paulo, que teve a pior qualidade do ar durante três dias, as orientações para os gestores de saúde são monitorar a qualidade do ar, a umidade e a temperatura, ter pontos de distribuição de água e um abastecimento adequado de pontos de hidratação e nebulização, como as barracas que vivenciamos durante a epidemia de dengue.”
Barracas para hidratação com soro e inalação, porém, poderão entrar em funcionamento caso a situação ocorra. agravamento da situação. De acordo com Adriano Massudasecretaria de Atenção Especializada do ministério, a primeira etapa será de orientação aos estados e municípios com visitas da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). As tendas ficariam num segundo nível e o plano prevê medidas para situações extremas. “Num possível colapso da rede, talvez tenhamos que utilizar estruturas maiores, com hospitais de campanha.”
Na capital paulista, a prefeitura anunciou esta tarde a criação de um comitê de crise e que libertará uma quantidade extraordinária de R$ 5 milhões reforçar o atendimento nas dez tendas do Operação em alta temperatura.
Disse ainda que vai aumentar os stocks de soro nas unidades de saúde e que vai “comprar humidificadores de ar para escolas localizadas em bairros com níveis mais baixos de humidade do ar. Serão fornecidos aparelhos para as regiões de Freguesia do Ó, Brasilândia, Casa Verde, Cachoeirinha, Vila Medeiros, São Lucas, Sapopemba, São Rafael, M’Boi Mirim e Jardim Ângela”.
Náuseas e vômitos são os principais sintomas
A exposição à fumaça pode causar reações alérgicas, irritações oculares, enjôo e mal-estar. A avaliação dos sintomas mais relatados dada a propagação dos incêndios e regiões impactadas pela seca mostrou que náusea e vômito Essas são as principais queixas e o que tem levado a população a procurar atendimento médico.
“Em Goiás houve um aumento de 46% nas queixas de enjoos. No Mato Grosso, foi de 58%, e o número dobrou no Distrito Federal. No Tocantins, o aumento foi de 190%”, disse Felipe Proenço, secretário de Atenção Básica à Saúde.
Veja recomendações para se proteger da fumaça
- Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, portanto, mais protegidas.
- Reduza ao máximo o tempo de exposição, recomendando ficar em ambientes fechados, em local ventilado, com ar condicionado ou purificadores de ar
- Portas e janelas devem permanecer fechadas em horários de alta concentração de partículas para reduzir a penetração de poluição externa
- Evite atividades físicas em horários de alta concentração de poluentes atmosféricos e entre 12h e 16h, quando as concentrações de ozônio são mais altas
- O uso de máscaras do tipo “cirúrgico”, panos, lenços ou bandanas pode reduzir a exposição a partículas grossas, principalmente para populações que vivem próximas à fonte de emissão (lareiras) e, portanto, melhorar o desconforto nas vias aéreas superiores.
- As máscaras respiratórias do tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população.
- Crianças menores de 5 anos, idosos acima de 60 anos e gestantes devem prestar atenção redobrada às recomendações descritas acima para a população em geral. Além disso, devem estar atentos a sintomas respiratórios ou outros problemas de saúde e procurar atendimento médico o mais rápido possível.
Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem:
- Procure atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento
- Mantenha disponíveis medicamentos e itens prescritos por um profissional médico em caso de crises agudas
- Procure atendimento médico se ocorrerem sintomas de crises
- Avaliar a necessidade e a segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade dos incêndios
Fonte: Ministério da Saúde
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