Não basta praticar exercício físico – é preciso fazê-lo acompanhado de uma alimentação equilibrada, sono adequado e apoio profissional. A receita ideal para perder peso é uma equação complexa que depende de muitos fatores para dar os resultados desejados. Agora, pesquisas mostram que há mais um fator que precisa ser incluído nessa conta: o horário em que a atividade física é realizada.
Publicado na revista The Obesity Society em setembro deste ano, o estudo focou nos dados coletados nos ciclos 2003-2004 e 2005-2006 da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, realizada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em o Reino Unido. Unido.
Analisando mais de 5,2 mil pessoas, os pesquisadores dividiram os participantes em três grupos: os que faziam exercícios pela manhã, no meio do dia e à noite. Os resultados indicam que, para quem quer perder peso, a melhor estratégia é malhar entre 7h e 9h. Segundo os dados, o grupo que se exercitou durante 150 minutos com intensidade moderada a alta neste horário do dia registrou menor índice de massa corporal (IMC), importante indicador para monitorar os processos de ganho e perda de peso.
Mas, embora não haja contraindicação para praticar exercícios logo pela manhã, é importante lembrar que não existem milagres e este é apenas um resultado em um universo de pesquisas sobre perda de peso e prática física, como aponta o coordenador técnico do UPX Sports e coordenador do curso de educação física da Universidade Positivo (UP), Zair Cândido.
“Para começar, as pessoas analisadas nesta pesquisa que habitualmente faziam exercício pela manhã também relataram uma ingestão calórica menor proporcional ao seu peso do que aquelas que se exercitavam nos outros horários do dia. Então, mais uma vez, o resultado é a soma de vários fatores e não uma espécie de mágica matinal”, destaca. É importante lembrar também que outros estudos, realizados em outras partes do mundo, já mostraram exatamente o contrário: que os exercícios vespertinos ajudam no emagrecimento.
Segundo o especialista, este é um assunto polêmico. “Hoje temos estudos que mostram que a regulação do melhor horário do dia para praticar exercícios está relacionada ao ciclo circadiano, que é composto por uma série de fatores de atividade hormonal e proteica e é condicionado pelo cronótipo genético do gene do relógio. Claro que podemos fazer atividade a qualquer hora, mas é difícil dizer que a manhã é a melhor opção porque isso pode não ser verdade para muitas pessoas.”
O ciclo circadiano, também conhecido como relógio biológico, é responsável por regular as atividades do corpo no período do dia e da noite, ou seja, aproximadamente 24 horas. Coordenado pelo cérebro, o ciclo circadiano permite ao corpo distinguir o dia da noite e, assim, realizar todas as atividades para as quais foi programado. “Você pode até se adaptar a um período do dia, até certo limite, mas a verdade é que todo mundo tem um horário melhor para fazer exercícios, comer, se expor ao sol, etc.
Para fazer exercícios pela manhã
Embora não seja um resultado definitivo, praticar atividades em qualquer horário é sempre positivo. Malhar nesse horário é uma boa forma de acordar o corpo para a rotina que vem a seguir. “A prática de atividade física libera no organismo uma série de substâncias que ajudam a melhorar o humor e a trazer sensação de bem-estar. Esta é uma forma muito positiva de começar o dia, porque ativa regiões do cérebro que são muito úteis para podermos realizar as tarefas diárias com mais motivação”, reforça o especialista.
Para quem está pensando em adotar esse bom hábito, ele destaca algumas dicas. “Quem quiser começar a praticar exercícios deve inicialmente passar por uma avaliação com um educador físico e, se possível, também com um médico. Isso vai garantir que você não desrespeite os limites do seu corpo e, ao fazer isso, coloque a sua saúde em risco”, aconselha.
Depois, é fundamental que, antes de começar a praticar exercícios, o praticante faça uma boa rotina de alongamento e aquecimento. “Dessa forma, o corpo ficará atento ao que vem a seguir e responderá melhor aos movimentos, por mais intensos que sejam. Essa também é uma dica importante para evitar lesões desnecessárias, como distensões musculares.”
E contar com o apoio de um profissional de educação física ajuda o praticante a ajustar detalhes como o posicionamento corporal e, assim, ter uma atividade mais segura. “O exercício, como qualquer outra atividade corporal, requer conhecimento dos ossos, grupos musculares, articulações e outras partes do corpo. Somente os profissionais de educação física estão preparados para lidar com as diversas variáveis envolvidas no assunto.”
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