Puberdade precoce: tratamento é vital para um desenvolvimento saudável – Jornal Estado de Minas

A chamada puberdade precoce impacta não só o organismo, mas também pode causar sofrimento emocional nas crianças. Considerada rara pelo Ministério da Saúde, a condição ocorre quando os sinais de maturação aparecem antes do esperado, afetando mais frequentemente meninas antes dos oito anos e meninos antes dos nove. Portanto, alterações de humor, isolamento e crescimento acelerado podem indicar algo errado no desenvolvimento da criança.

Os sinais da puberdade precoce são semelhantes aos observados na puberdade comum. Nas meninas, isso inclui o crescimento dos seios, o aparecimento de pelos pubianos e o início da menstruação. Nos meninos, os sinais incluem aumento dos testículos e do pênis, aparecimento de pelos faciais e alteração na voz.

“A maioria dos pais percebe essas mudanças físicas, mas também é importante observar o crescimento acelerado e as mudanças no comportamento da criança, como maior irritabilidade ou isolamento. São indícios de que algo incomum pode estar acontecendo”, explica a endocrinologista Larissa Figueiredo, médica consultora do Sabin Diagnóstico e Saúde.

Embora existam poucos dados globais sobre a puberdade precoce, um estudo da Universidade de Gênova e do Instituto Gaslini, publicado no “Journal of The Endocrine Society”, constatou um aumento de casos na Itália durante a pandemia de COVID-19. Entre 133 raparigas monitorizadas, 72 casos foram registados em 51 meses antes da pandemia, em comparação com 61 casos em apenas 15 meses durante a crise. O aumento foi associado a menos atividade física, alimentação inadequada e mais tempo de tela.

Maturidade sexual

Caso haja suspeita de puberdade precoce, os familiares devem consultar um médico para avaliar os sinais clínicos e, se necessário, realizar exames complementares. “Os exames de sangue ajudam a avaliar a dosagem de hormônios ligados à maturidade sexual, como o FSH, que estimula os folículos ovarianos e a produção de espermatozoides; o LH, que regula a ovulação e a produção de testosterona; além do estradiol e da testosterona, principais hormônios femininos e masculinos, respectivamente , cujos níveis podem indicar o início precoce da puberdade dependendo da idade e do sexo da criança”, explica a endocrinologista. Além disso, podem ser feitas radiografias para avaliar a maturidade óssea.

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de curva funcional, que ajudam a entender a resposta hormonal do organismo. “Um teste comum é o teste LHRH, que estimula a produção de FSH e LH. Após a injeção do estimulante, são coletadas amostras de sangue em intervalos regulares para observar a resposta hormonal. Níveis elevados desses hormônios podem confirmar a puberdade precoce”, explica Gélida Pessoa, especialista em análises clínicas do Sabin.

Tratamento

Se identificado precocemente, é possível utilizar medicamentos para retardar o processo e permitir que a criança tenha um desenvolvimento mais adequado à sua idade. “Quando o diagnóstico é feito precocemente, podemos evitar complicações, como baixa estatura na idade adulta ou problemas emocionais decorrentes do desenvolvimento acelerado. O segredo é o acompanhamento médico constante”, destaca Larissa Figueiredo.

A duração dos cuidados especiais também varia de acordo com o paciente, mas o Ministério da Saúde sugere que a interrupção do tratamento seja avaliada em idade óssea próxima a 12,5 anos nas meninas e 13,5 anos nos meninos. Após essa fase, os pré-adolescentes ainda precisam ser acompanhados por endocrinologistas semestralmente.

Como prevenir?

“Prevenir a puberdade precoce envolve medidas que promovam hábitos saudáveis ​​desde cedo. Incentivar a prática regular de atividade física e oferecer uma alimentação balanceada são ações importantes”, orienta.

Além disso, a endocrinologista destaca que os pais devem ficar atentos a certas substâncias químicas presentes no ambiente, como os parabenos (encontrados em alguns produtos de higiene pessoal) e o bisfenol A (antigo usado em bicos de mamadeira e ainda presente em garrafas de água e outras embalagens), pois podem interferir nos hormônios e antecipar a puberdade.

“Sempre que possível, opte por produtos livres dessas substâncias para proteger o desenvolvimento natural das crianças. O acompanhamento médico frequente também ajuda a identificar eventuais sinais precoces, permitindo uma intervenção rápida”, enfatiza o especialista.

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