Em meio aos alertas sobre o aumento dos casos de dengue a partir de dezembro, investir apenas em estratégias de comunicação focadas na mensagem “evite água parada” não é suficiente para provocar mudanças significativas no combate às arboviroses. É o que diz a pesquisa “Combate à dengue, zika e chikungunya”, um estudo comportamental sobre adesão às práticas de prevenção”, lançada nesta quinta-feira (24) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com apoio da biofarmacêutica Takeda.
Após revisão bibliográfica, pesquisa de campo e entrevistas, o estudo explica quais aspectos motivam ou dificultam a adoção de práticas de prevenção ao Aedes Aegypti. Entre os fatores psicológicos relacionados à prevenção do mosquito, o estudo aponta histórico de infecção e percepção de risco, esforço e custos financeiros. A organização coletiva e a influência comunitária são os fatores sociológicos. A estrutura urbana, a ação dos agentes de endemias e a confiança nas autoridades públicas são os fatores estruturais.
Cada um desses fatores, combinados, impacta nas atitudes da população em relação à prevenção, ou não, das arboviroses. Para abordá-los, a pesquisa fornece recomendações. Uma delas é associar o controle vetorial a comportamentos vistos como “desejáveis” pela população. Algumas práticas úteis para o controle do mosquito, como manter a casa limpa ou não jogar lixo na rua, já são realizadas com outras motivações, ligadas à organização, limpeza e estética.
Especialistas que lidam com arboviroses já voltaram a alertar sobre o aumento dos casos de dengue a partir de dezembro. Zika e chikungunya também são preocupações. O calor e o aumento das chuvas favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador de doenças.
Outra recomendação é aumentar a percepção de risco, principalmente em relação às crianças. O estudo observou que há uma elevada percepção do risco de infecção pelos pais, por medo de que seus filhos sejam infectados. Esta visão poderia ser usada de forma mais eficaz em campanhas de comunicação de riscos e no envolvimento da comunidade em ações preventivas.
O estudo recomenda ainda a redução de custos e esforços associados à adoção de comportamentos de prevenção e ao aumento dos investimentos em infraestruturas. Investir em políticas públicas que reduzam os custos e os esforços das práticas de prevenção pode ter um efeito significativo na redução das arboviroses.
Além disso, investir em melhorias na infraestrutura e na limpeza urbana pode fortalecer a adesão da população às medidas de prevenção.
Finalmente, é importante avaliar estrategicamente como envolver a comunidade e realizar ações comunitárias. Há espaço para adotar mais políticas de engajamento comunitário, além de estimular e mediar discussões sobre o tema nas comunidades.
A pesquisa utilizou como referencial teórico o Modelo de Drivers Comportamentais, desenvolvido pela Unicef para atuar na mudança social e comportamental (SBC). O principal ganho dessa abordagem é ir além de explicações que atribuem a responsabilidade pela adoção de comportamentos preventivos à decisão do indivíduo, como por falta de conhecimento ou interesse, chamando a atenção para aspectos psicológicos, sociais e ambientais, como atitudes frente às práticas de prevenção, normas sociais, infraestrutura e acesso a políticas públicas.
O estudo retoma a literatura existente sobre comportamentos preventivos contra arboviroses no Brasil e a enriquece com uma etapa qualitativa realizada com 24 grupos etnográficos (entrevistas realizadas nas residências das pessoas, com participantes do próprio círculo social) em dois municípios de médio porte, selecionados através de dados epidemiológicos.
A coleta qualitativa de percepções com populações foi realizada nos municípios de Montes Claros (MG) e Sinop (MT), além de entrevistas com gestores públicos de outras oito cidades das regiões Amazônica e Semiárida. Os locais foram selecionados por apresentarem alta incidência de casos de dengue, fazerem parte da lista de municípios prioritários do Ministério da Saúde para ações de combate às arboviroses e estarem localizados na área de atuação da iniciativa Selo Unicef.
Para Luciana Phebo, chefe de saúde do Unicef, o bom senso diz que quando alguém tem informações sobre o que é bom para si e para sua família, adota um comportamento ou hábito. Mas há uma diferença entre o que as pessoas dizem que fazem e os hábitos que incorporam nas suas rotinas diárias. Fazer ou não fazer algo depende de uma enorme confluência de fatores, comportamentos, normas sociais, infraestrutura e acesso a políticas públicas. Esses são os aspectos revelados no estudo.
Acompanhe nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
empréstimo sobre a rmc o que é isso
empréstimos de banco
banco para pegar empréstimo
simulação emprestimo aposentado inss
empréstimo brasilia
empréstimo consignado para bpc loas
taxa de empréstimo consignado
simular empréstimo cnpj