A ex-BBB Vanessa Lopes publicou uma série de stories em seu Instagram chorando enquanto mostrava o rosto com acne. “Tinha planejado gravar um vídeo de maquiagem artística para o Beetlejuice, mas como faço para maquiar esse rosto?”, disse a influenciadora, explicando que estava tentando fazer uma maquiagem para o Halloween. “Me olhei no espelho e me senti um monstro! Estava pensando em como ia esconder para fazer uma maquiagem artística.”
Em seguida, Vanessa se abre sobre o assunto, destacando que tem tido problemas com a própria imagem. “Parece que não me importo, que quero dar força para outras pessoas, mas como vou dar força se nem tenho forças?
A ex-BBB finaliza revelando que já está em tratamento para acne. “Meus médicos sabem a causa, conhecem os medicamentos psiquiátricos que tomo, minha dieta, Roacutan, não há nada que possam fazer”.
Saúde mental
Assim como Vanessa, milhões de pessoas sofrem com a doença, que muitas vezes resiste aos tratamentos, afeta a autoconfiança, predispõe à tristeza e à depressão, que pode até culminar no isolamento social.
“A acne é uma doença inflamatória e infecciosa da pele, que às vezes também causa desconforto e dor. Mas a verdade é que lutar constantemente contra a acne pode afetar a sua saúde mental e até mexer com a sua autoestima. Por isso, sempre orientamos os pais a levarem o filho ao médico para iniciar o tratamento o mais rápido possível”, explica o dermatologista Danilo S. Talarico, professor do Instituto Lapidare.
Como relatam os especialistas, as espinhas vermelhas brilhantes não são um problema apenas dos adolescentes, é claro, mas independentemente de quando – ou como – elas aparecem, seu impacto não é apenas superficial.
Abaixo, a dermatologista explica como a acne pode afetar a saúde mental:
Impactos negativos na autoconfiança
Muitos pacientes sofrem não só de acne ativa persistente, mas também de cicatrizes que aparecem na pele, alterando o relevo da pele. “Esse paciente tende a se sentir inseguro e envergonhado com a própria aparência. Isso pode ser tão intenso que muitos relatam evitar tirar fotos. Ou ainda não gostam de se ver no espelho”, diz Danilo.
Em 2011, o estudo “Consequências do sofrimento psicológico em adolescentes com acne, publicado no Journal of Investigative Dermatology”, descobriu ainda que pessoas com acne moderada a grave eram menos propensas a buscar relacionamentos românticos.
“Cuidar da pele pode parecer superficial e esse é um dos motivos pelos quais muitas pessoas ficam com vergonha de falar sobre isso. Mas a verdade é que isso afeta a qualidade de vida e, por isso, deve ser levado a sério”, enfatiza.
Em casos como esse, o especialista, além de realizar um tratamento combinado, com produtos tópicos e medicamentos orais, também pode encaminhar o paciente para um psicólogo, para evitar que a doença de pele prejudique a saúde mental.
Isolamento social
Por prejudicar a autoestima, a acne também pode ter o “efeito colateral” do isolamento social. “Muitos pacientes ficam constrangidos por causa de acne inflamada ou cicatrizes. É importante destacar também que ainda existe um estigma, muito equivocado, de que a acne está relacionada à falta de higiene. Isso não é verdade. A pele fica mais oleosa e propensa a acne muito por influência genética”, destaca Danilo.
Segundo a dermatologista, ficar uma ou duas vezes em casa não é necessariamente um sinal de alerta de que a acne está arruinando sua vida, mas se esse isolamento se tornar um hábito – quando o paciente evita interações sociais por vergonha da própria pele, isso significa que essas espinhas estão afetando sua saúde mental.
“Esconder-se do mundo pode parecer uma forma inofensiva de proteger o seu bem-estar, mas a investigação mostra que o apoio social pode melhorar a saúde mental e a auto-estima. Nessa fase, além do tratamento para o quadro de pele, a terapia com psicólogo também pode ajudar”, explica.
Depressão
A acne grave ou resistente também pode ser acompanhada por sinais de depressão. “Não estamos falando apenas de uma espinha surgindo antes de uma grande apresentação de trabalho e deixando você de péssimo humor. Às vezes, a acne pode deixar o paciente tão triste que fica clinicamente deprimido.”
Existem agora muitas evidências de que as pessoas com acne têm maior probabilidade de desenvolver depressão em comparação com aquelas sem a doença. Segundo o professor, alguns estudos relatam até duas a três vezes mais probabilidade. Essa conexão faz sentido, pois não querer ser visto ou não gostar de sua aparência é um fardo emocional pesado e pode dificultar até mesmo as tarefas mais simples (como sair da cama, tomar banho ou se arrastar para o trabalho).
Em casos extremos, algumas pessoas também podem ter pensamentos suicidas. “Muitos pacientes chegam e dizem que já experimentaram de tudo – todos os produtos, todos os dermatologistas, todos os medicamentos prescritos. Portanto, pode haver esse sentimento de desesperança quando você sente que já tentou de tudo e nada funciona. Para esses pacientes está indicado o tratamento com isotretinoína (Roaccutane), que causa atrofia definitiva das glândulas sebáceas da pele, prevenindo novas lesões cutâneas, mas devemos ter mais cuidado com esse paciente e recomendar acompanhamento médico e psicológico. Este medicamento tem efeitos colaterais que exigem um olhar mais atento de um médico e psicólogo.”
O que fazer?
Consultar um médico é um começo, pois existem tratamentos orais e tópicos, como uso de ácidos e até medicamentos. O profissional também poderá orientar sobre alimentos que podem servir como gatilho e modular o estresse, o que também ajuda a piorar a acne. “Mas mesmo que você tenha ingredientes apoiados por pesquisas e especialistas altamente qualificados ao seu lado, ainda pode levar meses – até anos – para descobrir o que funciona melhor para sua pele específica e obter os resultados que você procura. Em alguns casos, podemos recomendar a isotretinoína, que tem efeito curativo”, destaca.
É importante notar que se a sua acne está atrapalhando seu funcionamento diário – como se você faltar ao trabalho ou apresentar regularmente sintomas de depressão, como desesperança ou irritabilidade – talvez seja hora de procurar um terapeuta. Os profissionais de saúde mental podem lhe ensinar ferramentas para controlar seu humor enquanto você realiza tratamentos médicos.
“E nunca, jamais, estoure uma espinha. Isso cria uma lesão profunda na pele que serve como porta de entrada para bactérias. Essas bactérias podem causar uma infecção localizada que, se não for tratada, pode se espalhar, afetando os nervos, por exemplo, e causando paralisia. Em casos mais graves, a infecção pode se generalizar e causar sepse, uma reação inadequada do organismo à infecção que pode levar à morte. Além disso, pode deixar marcas, como manchas e cicatrizes. Procure sempre um médico para tratar o quadro de forma adequada”, alerta Danilo.
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