Pets precisam ser pets: enriquecimento ambiental favorece bem-estar animal – Jornal Estado de Minas

Ansiedade, estresse, medo e tédio podem ser sintomas comuns em animais de estimação que estão ficando doentes física ou emocionalmente, como resultado da falta de estímulo aos seus instintos. Esta apatia manifestada por cães e gatos vai contra a natureza da sua espécie, pois necessitam de incentivo, motivação e atividades mais ativas para garantir o seu bem-estar. Para evitar essa ociosidade negativa, existe a prática do enriquecimento ambiental.

A técnica nada mais é do que um conjunto de atividades, individuais ou em grupo (com humanos ou animais), que visam estimular os comportamentos e habilidades primitivas dos animais, tanto dentro do ambiente em que vivem como ao ar livre. Esses instintos são básicos, como mastigar e cheirar para cães, e caçar e territorializar para gatos.

“Hoje já temos dados que mostram que o bem-estar físico dos animais de estimação está totalmente alinhado com o seu bem-estar emocional, capaz de prolongar a sua vida. Assim, quando ficam limitados a ambientes apáticos de apartamentos ou casas sem estímulos adequados, os animais de estimação ficam privados de expressar comportamentos que seriam naturais para sua espécie, o que causa frustração. Tudo isso culmina em um estado de estresse crônico, e o estresse, como sabemos, libera uma cascata de hormônios e neurotransmissores prejudiciais à saúde”, comenta Marina Meireles, veterinária comportamental do Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar de São Paulo.

Segundo o especialista, existem vários tipos de enriquecimento ambiental. Entre os principais estão o físico, que estimula cães com exercícios de obstáculos e circuitos, por exemplo, e gatos, com prateleiras, torres e arranhadores; e alimentação, que permite variar a forma de oferta dos alimentos, com peluches, porta-lanches funcionais e outros recursos que estimulam o faro e a caça.

Às vezes, os tutores não veem com bons olhos certas atitudes dos animais de estimação – como mastigar sapatos e móveis, urinar nos lugares “errados”, rosnar e arranhar sofás, mas desconhecem que a maioria delas faz parte do comportamento natural de seus animais de estimação e pode até ser indicativo de outros problemas de saúde. Porém, no caso do comportamento, na ausência de um estímulo ou distração mais condizente com seus desejos, o pet acabará optando por interagir com tudo o que estiver ao seu alcance, como roupas e móveis. Ou seja, para solucionar esses casos é preciso direcionar o foco do desejo para outros hábitos e itens.

É nesse cenário que o enriquecimento ambiental se mostra útil para a rotina familiar e, principalmente, para a saúde dos animais de estimação. Fazer com que expressem seus interesses primitivos e tenham seus desejos atendidos, respeitando suas particularidades, é o objetivo principal do método.

Para ajudar os donos, a veterinária cita algumas práticas provocativas. “Os cães são animais com comportamento neofílico, ou seja, sentem atração por coisas novas. É interessante que os brinquedos não estejam disponíveis o tempo todo, pois o cachorro perderá o interesse; em vez disso, os donos podem deixar alguns itens disponíveis, como mordedores, e só oferecer outros brinquedos quando realmente brincarem com o cachorro”, explica.

Quanto aos gatos, ela comenta que é fundamental manter vivas suas características de caça. “Isso pode ser feito com brinquedos que simulam movimentos de rastejamento, com penas, pelos e outros itens lúdicos que envolvem os felinos. Além disso, os gatos gostam de ter acesso a locais altos, como prateleiras, para se sentirem ‘no controle’ do seu território”, acrescenta Marina.

Assim como acontece com todas as técnicas e rotinas com animais, a veterinária reforça a importância dos donos estarem sempre alinhados com as orientações de um veterinário. Esse é um ponto fundamental para conduzir cada caso de acordo com a particularidade dos pets.

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