Quer se trate de um cão, gato, coelho, cavalo ou mesmo uma tartaruga, os animais de estimação desempenham um papel crucial na vida quotidiana de muitas pessoas com deficiência (PCD), ajudando-as a enfrentar desafios emocionais, psicológicos e físicos. São uma fonte constante de apoio e segurança que enriquece significativamente o seu bem-estar. Daí a relevância do tema, que deve ser debatido com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância dos animais de estimação e as necessidades específicas dos seus tutores.
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O conhecimento sobre o papel dos animais de estimação na ajuda às pessoas com deficiência pode ajudar o público a compreender que a presença de animais em diferentes ambientes sociais não tem como objetivo causar desconforto. Afinal, nesses casos, os animais de estimação dão suporte para que os indivíduos ganhem qualidade de vida. “A sociedade sabe que conviver com animais, na maioria das vezes, traz benefícios ao ser humano. Mas há quem ainda não entenda que a presença do cão pode aumentar ou até mesmo definir o estado psicológico do seu dono, principalmente daqueles que prestam apoio emocional. Portanto, você precisa estar ciente de que sua presença é essencial para que seu cuidador possa visitar diversos lugares que provavelmente não iria sem a sua ajuda. Obviamente, para visitar esses ambientes é importante que os cães estejam devidamente treinados”, explica a profissional em inclusão e diversidade, Natalie Schonwald.
As limitações de locais para os companheiros peludos participarem das atividades cotidianas de integração na sociedade impedem esse objetivo. Espaços públicos abertos, como praças e parques, são propícios à redução da ansiedade, do estresse e estimulam a prática de exercícios para ambos e precisam ser adequados para isso (com bebedouro com água corrente, parque cercado, sacos de cocô, entre outros). É o chamado ambiente pet friendly, preparado para receber e proporcionar conforto e segurança para pessoas e animais.
É preciso falar sobre o assunto
Debater o tema contribui para a formação de uma rede de apoio mais sólida e para a redução do estigma associado às deficiências. “Acredito que não seja um tema muito discutido e que a maioria das pessoas desconhece a importância dos animais de estimação ou tem uma ideia limitada e superficial sobre o tema. A preparação de palestras e divulgação nas redes sociais poderia ajudar na conscientização. Por parte dos profissionais de saúde e educação, imagino que a maioria veja essa relação de forma favorável e recomende a convivência”, afirma a bióloga e treinadora Maria Celeste Sonna.
Ainda na formação de uma sociedade mais inclusiva, é fundamental reconhecer e apoiar a influência dos animais de estimação, que auxiliam significativamente as pessoas com deficiência a superar barreiras e a ter maior interação social. “Com mais campanhas e demonstrações de eficiência em relação aos benefícios de saúde e educação, haveria maior aceitação desse tipo de tratamento claro, em determinadas situações, aliado ao preparo adequado dos profissionais de saúde e educação, que auxiliam nessa parte de esclarecimento de construir uma sociedade mais empática, reconhecendo o impacto positivo dos animais de estimação nas PCD”, acrescenta Natalie.
Companheiros e terapeutas
A conhecida frase “o melhor amigo do homem” não é à toa. Leais e compreensivos, os cães demonstram amor incondicional e contribuem para a estabilidade emocional e mental de seus donos. “Está comprovado cientificamente que os animais, principalmente os cães, por terem uma ligação mais próxima com os humanos em comparação com outros animais, pois a sua domesticação é muito antiga, são aliados do nosso bem-estar. Eles são responsáveis pela liberação de ocitocina, hormônio importante para redução do estresse e da ansiedade, podendo até auxiliar em tratamentos contra a depressão”, explica Maria Celeste Sonna.
Muito presentes no cenário de reabilitação e terapia de pessoas com deficiência, os cães especialmente treinados também são um potencial mediador no processo terapêutico para aqueles com déficits socioemocionais. “Através das terapias, o cão se torna um coterapeuta e, de forma individualizada, incentiva o paciente, de todas as idades, no seu desenvolvimento e, consequentemente, atingindo o máximo de sua autonomia”, pontua Natalie.
Também por isso, Maria Celeste comenta que os animais de estimação precisam ser considerados fundamentais nas ações das organizações que trabalham o tema inclusão social. “O aproveitamento da presença de animais deve ser amplamente explorado por essas políticas, tal é a sua contribuição para a capacidade de proporcionar benefícios inquestionáveis e resultados positivos.”
Humanização
No ano passado, o Projeto de Lei 276/23 estabeleceu visitas de animais domésticos a pacientes internados em hospitais públicos ou privados. Contudo, a entrada do animal depende de autorização médica e de laudo veterinário que ateste, entre outros requisitos, o seu bom estado de saúde. A medida vale para animais como cães, gatos e hamsters, mas não será permitida internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quimioterapia, por exemplo.
Esta é mais uma medida para incentivar a inclusão dos animais na vida das pessoas, pois proporciona momentos de alegria e conforto aos proprietários. “Sou totalmente a favor que os animais de estimação possam visitar os donos hospitalizados. Claro, levando em consideração a segurança do animal, do dono e de todo o meio ambiente. Sabemos que, em alguns casos, por motivos de saúde e pela elevada vulnerabilidade de alguns pacientes, estas visitas infelizmente já não são seguras. Mas seria interessante, independente do animal ou porte, se os hospitais pudessem abrir um espaço para que essas interações acontecessem em outras situações. Certamente seria uma atitude altamente benéfica tanto para o paciente quanto para o animal”, relata Maria Celeste.
O importante para uma boa convivência em sociedade é entender que todo esse processo de compreensão da convivência saudável com os cães está ligado à área da saúde e da educação. E que os animais desempenham um papel fundamental na facilitação das interações sociais e oferecem um apoio essencial para quem tem alguma dificuldade. É uma relação de apoio e benefício mútuo, contribuindo assim para a criação de uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
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