Perda de peso: saiba os riscos das fórmulas emagrecedoras – Jornal Estado de Minas

Uma perda de peso rápida e repentina, que deixe as pessoas magras como num passe de mágica, é o sonho de muitos brasileiros e, nos últimos anos, o mercado de fórmulas para perder peso tem crescido significativamente, prometendo resultados eficazes e rápidos. Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e do Instituto Datafolha, 24% dos brasileiros já experimentaram alguma substância para perder peso. O consumo de álcool é o mais comum (19% dos entrevistados), seguido de suplementos dietéticos (9%), fitoterápicos (9%) e medicamentos alopáticos (6%).

Contudo, por trás de todas estas promessas sedutoras, existem perigos que podem afetar gravemente a saúde dos consumidores e até levar à morte. Incidentes anteriores, como a morte da cantora Paulinha Abelha, de 43 anos, e da enfermeira Edmara Silva Abreu, trouxeram à tona preocupações crescentes com o consumo desse tipo de produto naquela época.

Mais recentemente, a popularidade das canetas injetáveis ​​à base de semaglutida, conhecidas por promoverem rápida perda de peso, também levantou preocupações, especialmente devido aos potenciais efeitos colaterais quando usadas sem supervisão médica adequada.

Risco para o fígado

Para Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal, muitas vezes, na busca por soluções rápidas ou por serem mais acessíveis financeiramente, as pessoas recorrem a essas opções, acreditando que são mais saudáveis, porém, acabam se colocando em risco. “O uso indiscriminado dessas substâncias pode trazer consequências graves ao organismo, afetando principalmente fígado, rins, coração, intestino, cérebro e em casos extremos, levando até à morte”, alerta o especialista.

Ainda segundo Lucas, essas “fórmulas para emagrecer”, muitas vezes vendidas sem prescrição médica e sem controle rígido, contêm ingredientes que podem causar sérios danos ao organismo. “Essas substâncias geralmente são compostas por estimulantes, diuréticos e outros medicamentos que prometem acelerar o metabolismo e suprimir o apetite”, afirma. “No entanto, o que não é amplamente divulgado são os graves efeitos colaterais que podem surgir”, acrescenta.

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Segundo o cirurgião, o fígado, órgão fundamental para o metabolismo e desintoxicação do corpo, muitas vezes fica sobrecarregado com o uso dessas fórmulas. “Muitas das substâncias presentes nessas formulações são metabolizadas pelo fígado, o que pode causar danos hepáticos significativos. Isso inclui desde inflamação e esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) até casos mais graves de hepatite tóxica e insuficiência hepática aguda”, explica.

Além do fígado, o trato intestinal também sofre consequências adversas, pois as fórmulas para emagrecer causam irritação gastrointestinal, que pode levar a sintomas como dores abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. “A longo prazo, pode resultar em danos ao revestimento intestinal e prejuízo na absorção de nutrientes essenciais, levando a deficiências nutricionais”, explica.

Portanto, o risco de morte associado ao uso destas fórmulas não deve ser subestimado, destaca o médico. “Em casos extremos, principalmente quando consumidas em altas doses ou por pessoas com problemas de saúde pré-existentes, essas substâncias podem desencadear arritmias cardíacas, hipertensão arterial grave e até eventos cardiovasculares fatais”, alerta Lucas, que destaca “É fundamental que as pessoas entenda que não existem atalhos seguros para perder peso.”

Segundo a Anvisa, apenas farmácias e drogarias autorizadas estão legalmente autorizadas a comercializar medicamentos, independentemente da categoria (sintéticos, biológicos, fitoterápicos, homeopáticos, dinamizados, entre outros). A agência destaca que realiza fiscalizações periódicas em conjunto com as autoridades sanitárias locais e já tomou mais de 60 medidas preventivas ou cautelares desde 2020 contra produtos semelhantes às fórmulas emagrecedoras que Edmara utilizava.