Dor nas pernas é um problema comum. Quando você os sente, geralmente presume-se que se trata de um problema de circulação e as pernas sobem imediatamente. Se a dor for persistente, deve-se procurar rapidamente um cirurgião vascular que tenha quase certeza do diagnóstico de trombose, principalmente agora, com maior divulgação do problema na mídia e aumento do número de casos no Brasil.
A média de internações diárias por trombose venosa aumentou de 59 em 2012 para 98 em 2022. “A dor nas pernas é na verdade um dos sintomas da trombose, mas uma série de outros fatores também podem causar desconforto na região. Em geral, na trombose, a dor é unilateral, afetando apenas um membro, e geralmente aparece na panturrilha associada a outros sintomas, como dificuldade de movimentação e inchaço, calor, sensibilidade e alteração de cor na região”, explica o cirurgião vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Aline Lamaita.
Ou seja, se a dor aparecer nas duas pernas, é pouco provável que seja trombose. Nestes casos, o desconforto pode ser resultado de longos períodos em pé, esforço muscular excessivo durante o exercício ou até condições mais graves, como a doença obstrutiva arterial periférica (DAOP). “A DAOP é caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura e perda de flexibilidade nas paredes dos vasos arteriais, criando uma obstrução que prejudica a circulação. Além de dores nas pernas, o quadro pode causar cansaço, palidez e redução de temperatura nos membros inferiores, perda de pelos nas pernas e até aparecimento de feridas e gangrena em casos graves”, explica o médico.
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Se a dor em ambas as pernas aparecer especificamente ao toque, uma possibilidade é o lipedema. “O acúmulo de tecido adiposo com aumento desproporcional de tamanho, principalmente nas pernas e quadris, é a principal característica do lipedema. Esse acúmulo é simétrico e causa dor ao toque, aumento da frequência de hematomas espontâneos e maior tendência ao acúmulo de líquidos.”
Se a dor afetar apenas uma das pernas, a trombose é mesmo uma das possibilidades, mas não é a única. Por exemplo, pode ser causada por problemas ortopédicos e fisiátricos, como tendinites, cãibras, lesões e distensões musculares. “A inflamação do nervo ciático é uma causa muito comum de dor nas pernas, que pode afetar apenas um ou ambos os lados”, diz Aline.
Problemas de circulação além da trombose também podem ser a causa de dores unilaterais nas pernas. É o caso da erisipela, infecção dos vasos linfáticos causada pela entrada de bactérias presentes na pele através de cortes e feridas. “Além da dor, a região pode ficar vermelha, inchada e quente. Algumas pessoas também apresentam febre e calafrios. E tais sintomas também são comuns nos casos de celulite infecciosa, que não tem relação com a celulite estética e difere da erisipela pela profundidade da infecção: a erisipela atinge as camadas mais superficiais da pele, enquanto a celulite atinge a derme profunda e o tecido subcutâneo ”, relata Aline.
Mas as possibilidades são muito diversas, então como saber se é mesmo trombose? Primeiro, entenda se a dor afeta as duas pernas ou apenas uma. Além disso, tente lembrar quando a dor apareceu. “Se a dor apareceu após exercícios intensos, por exemplo, o mais provável é que seja uma dor muscular e não uma trombose”, afirma o médico, que explica que a dor causada pela trombose surge repentinamente.
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“É muito comum que a trombose apareça após situações em que ficamos muito tempo parados na mesma posição, como durante viagens longas ou internações”, afirma o especialista. Além disso, é importante verificar se a dor vem acompanhada de outros sintomas característicos do quadro, como inchaço, calor e sensibilidade na região. Segundo Aline, a área também pode adquirir coloração avermelhada ou azulada e a mobilidade pode ser prejudicada. “Alguns fatores individuais podem agravar o risco de trombose, como obesidade, tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, pessoas com câncer, gestantes, idosos, deficientes físicos e portadores de varizes. Portanto, as pessoas que atendem a esses critérios devem prestar atenção extra às dores nas pernas.”
Na dúvida, a recomendação mais importante é procurar um cirurgião vascular para fazer uma avaliação e receber o diagnóstico adequado, até porque a trombose precisa ser tratada o mais rápido possível para evitar que evolua para quadros mais graves, como embolia pulmonar . “A embolia pulmonar é a principal complicação da trombose venosa profunda. Nestes casos, o coágulo sanguíneo característico da trombose se desprende da parede da veia e percorre a circulação até chegar ao pulmão, causando essa embolia pulmonar que pode resultar até em morte súbita”, alerta Aline Lamaita, que explica que o tratamento da trombose inclui o uso de medicamentos anticoagulantes que ajudam a reduzir a viscosidade do sangue e a dissolver o coágulo. “Dessa forma, conseguimos evitar que esse coágulo cresça e avance para outras regiões, além de evitar a ocorrência de novos eventos de trombose.”
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