Inicialmente, ser traído pela parceira pode parecer uma situação negativa e inaceitável para muitos homens. Porém, a realidade indica que ou a pessoa está envolvida na prática e não sabe, ou sabe e está gostando da experiência. Pelo menos essa última parte, aproveitando, é o que acontece com mais de 300 mil homens que se declaram cornos e estão cadastrados no Sexlog, site de sexo e swing da América Latina. Desse total, mais de 60 mil entraram na plataforma em 2023, mostrando que o fetiche cafona está em alta e movimentando o meio liberal, a ponto de ter ganhado um dia próprio: comemorado no dia 25 de abril.
Quem é?
O corno nada mais é do que um homem que fica com tesão ao ver ou saber que sua companheira, a hotwife, mantém relações sexuais com outra. Nesse sentido, ele pode participar ativamente ou apenas observar. Alguns gostam apenas de ouvir as histórias que suas esposas contam quando chegam em casa, como é o caso do professor Jô*, 54 anos, que se diz muito emocionado com a situação. “Gosto quando ela sai com outros caras, ela chega em casa e a gente faz sexo enquanto ela me conta desse encontro, me deixa com tesão”, revela.
Do que eles se alimentam?
A luxúria dos cornos é alimentada por ver suas mulheres tendo prazer com outros homens. A CMO do Sexlog, Mayumi Sato, afirma que o site recebe inúmeras histórias eróticas escritas por seus visitantes que relatam experiências detalhadas. “Os relatos são diversos, mas muitos acreditam que não dariam tanto prazer às suas esposas, por isso aceitam compartilhá-los e se emocionam com isso. Mas, o fetiche do corno também é sobre o casal, não se trata de prazer isolado. Trata-se de compartilhar a experiência que envolve outros fetiches também, como voyeurismo, sexo a três e conversa suja.”
Há também quem se alimente do próprio ciúme, como é o caso de Jô*. Ele diz que descobriu que era corno ao se deparar com uma traição. Embora sentisse o desconforto do ciúme, também havia luxúria. “Eu traí ela primeiro, ela foi se vingar com uma amiga minha e acabei gostando. Durante a discussão, ela me contou o que tinha acontecido, fizemos sexo e foi ótimo. Muitas vezes tenho ciúmes, mas gosto disso”, diz ele.
Entre amigos
Em pesquisa realizada com cornos do Sexlog, metade deles afirmou que não tem problemas em convidar amigos para fazer sexo com suas hotwives. Em relação ao ciúme, 62% revelam que nunca sequer sentiram ciúme deles; 21% já sentiram esse desconforto uma vez e 17% já sofreram mais de uma vez.
Silva*, 43 anos, mantém um casamento liberal há 17 anos e sempre ficou animado em ver sua esposa com outros homens, mas não sabia bem como classificar esse fetiche, até que, recentemente, seu companheiro descobriu o termo e ele rapidamente identificado. Ele conta que descobriu o Sexlog através do swing e que não se importa em convidar amigos para fazer sexo com sua esposa. “Ficamos amigos de um single porque o encontro foi muito bom e ainda hoje fazemos isso de novo. Não me importo de manter contato com ele, nem de convidar outros amigos para participar.”
Assim como Silva, 47% dos cornos que participaram da pesquisa disseram não se importar se a hotwife quiser manter contato com o solteiro, também conhecido como comedor. 33% afirmam que depende do caso e 20% preferem que isso não aconteça e que todo contacto só aconteça entre quatro paredes.
Onde eles moram?
Boa parte dos municípios brasileiros possui pelo menos uma trompa. Segundo o último levantamento do Sexlog, baseado em cadastros que marcaram esse fetiche como uma de suas preferências, são 334.230, espalhados por 2.321 cidades.
O Sudeste lidera como região com mais cornos assumidos, são 171.129. As 5 cidades com mais cornos são São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Uberlândia. No Nordeste, são 59.327. E os cinco municípios com maior incidência do fetiche são: Fortaleza, Salvador, Recife, Natal e João Pessoa.
No Sul, são 49.224 praticantes, e as cinco cidades mais interessadas são Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Maringá e Londrina. Brasília, Goiânia, Campo Grande, Cuiabá e Anápolis são os cinco mais interessados nesse assunto na região Centro-Oeste, que soma 35.165 cornos.
No Norte são 19.385 trompas, as #5 cidades com mais praticantes são Manaus, Belém, Boa Vista, Porto Velho e Macapá.
Uni-Duni-Tê
O Sexlog também ouviu as hotwives e quando questionadas sobre a escolha de um segundo parceiro, 67% afirmaram que escolheram, mas com a ajuda dos cornos. 18% disseram que fazem isso sozinhas e 14% revelaram que quem decide são os maridos.
A estudante Erika*, 34 anos, gosta de dividir a escolha com o marido. Para ela, o fetiche começa naquele momento que exige muita intimidade e que um parceiro conheça o outro. “Quando escolhemos juntos, estamos levando em consideração também as preferências de cada um, sabendo que será uma experiência que precisa ser prazerosa para nós dois”, afirma.
A maioria dos entrevistados, 75%, revela que prefere escolher o segundo parceiro através do Sexlog, pois é possível conversar previamente, enviar fotos e vídeos e criar intimidade antes do encontro. “Uma coisa que é muito importante para mim é a confidencialidade. Posso navegar livremente, conhecer muita gente, sem que ninguém saiba quem eu sou. Eles só vão me encontrar mais tarde, quando a data estiver marcada. Assim evitamos qualquer constrangimento desnecessário”, finaliza.
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