A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a diagnóstico de poliomielite tipo 2 em um bebê de 10 meses em Deir al-Balah, Gaza. Este é o primeiro caso registrado na região em 25 anos. A confirmação veio após análise de amostras de fezes do bebê, coletadas e enviadas para laboratório credenciado pela OMS.
O caso surge na sequência de um alerta anterior da OMS sobre a presença do poliovírus em Gaza. Em Junho de 2023, a OMS detectou o poliovírus tipo 2 (cVDPV2) em amostras ambientais de águas residuais recolhidas na região, alvo do conflito entre Israel e o Hamas. O sequenciamento genético das amostras confirmou que o vírus encontrado no bebê está ligado a amostras ambientais previamente detectadas.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, expressou sua profunda preocupação com o caso em uma postagem na rede social X, destacando a alta probabilidade de propagação do vírus na região. O bebê afetado desenvolveu paralisia na perna esquerda e atualmente está em condição estável.
Contexto e desafios em Gaza
Em resposta ao surto de poliomielite, a OMS, o Ministério da Saúde palestiniano e a UNICEF estão a coordenar uma campanha urgente de vacinação em Gaza. Duas rodadas de imunização contra a poliomielite estão programadas para o final de agosto e setembro de 2024, com objetivo de vacinar mais de 640 mil crianças menores de 10 anos.
Para garantir a eficácia da campanha, a OMS e a UNICEF solicitaram pausas humanitárias no conflito para permitir que as equipas de vacinação tivessem acesso às áreas afectadas e vacinassem as crianças.
Gaza enfrenta um contexto de crise extrema devido a Os contínuos ataques de Israel e a destruição massiva da sua infra-estrutura. A guerra, que começou em Outubro do ano passado, causou a morte de centenas de pessoas e o colapso dos serviços básicos. A destruição das redes de saneamento e o deslocamento forçado da população criou um ambiente propício à propagação de doençasincluindo poliomielite.
A situação humanitária é agravada pela interrupção dos serviços de saúde e por redução drástica na cobertura vacinal. A falta de acesso a cuidados médicos e a dificuldade em manter a vacinação em meio a conflitos aumentam o risco de surtos de doenças evitáveis. A falta de água potável e de saneamento adequado, além da escassez de materiais médicos, contribui para o agravamento da situação e aumenta a ameaça de outras doenças infecciosas, como o sarampo e a diarreia, especialmente entre as crianças.
Para enfrentar este cenário, as autoridades e organizações internacionais estão a mobilizar recursos e esforços para garantir a entrega de vacinas e melhorar as condições de saúde e saneamento em Gaza. A implementação bem sucedida da campanha de vacinação é crucial para controlar a propagação do vírus e proteger a saúde pública na região.
Vacinação contra a poliomielite no Brasil
No Brasil, a vacinação contra a poliomielite é oferecida gratuitamente pela Sistema Único de Saúde (SUS) e é essencial para manter o país livre de vírus. A partir do segundo semestre deste ano, o calendário vacinal será atualizado, substituindo a vacina oral pela vacina inativada poliomielite (VIP) com o objetivo de melhorar a proteção e prevenir a propagação do vírus. Até maio de 2024, a cobertura vacinal no Brasil está em 85,42%, com aumento gradual nos últimos anos.
A poliomielite continua a ser uma prioridade global de saúde pública. A erradicação completa da doença depende do sucesso contínuo das campanhas de vacinação e da resposta rápida aos surtos nas regiões afectadas.
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