A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira, 25, que haverá pausas limitadas nos combates em Gaza para permitir o vacinação contra a poliomielite para milhares de crianças. Os esforços acontecem após a confirmação do primeiro caso em 25 anos da doença no território palestino.
As chamadas “pausas humanitárias” deverão durar três dias em cada uma das áreas do território devastado pela guerra, totalizando nove dias. De acordo com Richard Peeperkorn, representante da OMS no escritório da região da Cisjordânia e Gaza, a campanha de vacinação terá início neste domingo, 1ºna região central de Gaza. Isto será seguido por outra pausa de três dias no sul de Gaza e haverá uma terceira no norte do território. Ele acredita que eles podem precisar de mais dias para completar a vacinação.
A campanha está sendo elaborada por uma equipe técnica que avalia a região e precisa garantir que as crianças e seus familiares compareçam com segurança aos pontos de vacinação.
“O governo palestino, a OMS, a Unicef e parceiros vão oferecer duas doses da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 e a meta é atingir 640 mil crianças menores de 10 anos.”
Peeperkorn disse que a campanha será realizada em condições complexas, face à guerra, mas que é necessário vacinar a população vulnerável para evitar uma situação pior.
“É crucial que consigamos atingir uma cobertura vacinal de 90% em ambas as fases da campanha para travar o surto em Gaza e evitar a sua propagação a outros países.”
Mais do que 25 mil frascos de vacinasuficiente para mais de 1 milhão de dosesjá chegaram a Gaza, juntamente com frigoríficos para os manter frescos durante o transporte. Os especialistas alertam, no entanto, que seria praticamente impossível realizar uma campanha bem-sucedida sob bombardeio.
A campanha foi coordenada com as autoridades israelenses. O gabinete de Netanyahu, num comunicado, negou que houvesse uma trégua geral durante a vacinação, como sugeriu uma reportagem da televisão israelita. Contudo, afirmou que aprovou a “criação de locais específicos” em Gaza para a operação das agências humanitárias envolvidas na campanha. De qualquer forma, o plano ainda não foi finalizado.
Risco de espalhar o vírus
A poliomielite foi eliminada na maior parte do mundo, mas a doença infecciosa continua a propagar-se num pequeno número de países, representando ainda uma prioridade global de saúde pública. O interrupção dos serviços de saúdeo falta de água potável e saneamento adequadocontribui para o agravamento da crise humanitária em Gaza e aumenta a ameaça de outras doenças infecciosas, como o sarampo e a diarreia, especialmente entre as crianças.
A maior dificuldade da campanha agora é conciliar a sua organização com a incerteza que rodeia as pausas humanitárias e as crescentes ordens de retirada emitidas pelos militares israelitas, que estão a obrigar a população a deslocar-se para locais cada vez mais remotos. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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