Obesidade precisa de atendimento multidisciplinar, diz médica especialista – Jornal Estado de Minas

Obesidade precisa de atendimento multidisciplinar, diz médica especialista – Jornal Estado de Minas



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A obesidade é multifatorial, mas durante muitos anos houve um entendimento -errado- de que se tratava de um problema relacionado à falta de vontade ou à compulsão alimentar das pessoas.

Com isso, houve um atraso de mais de 20 anos nos estudos sobre terapias e prevenção da obesidade, afirma a endocrinologista inglesa Rachel Batterham. Ela é professora de obesidade, endocrinologia e metabolismo na UCL (University College London) e fundou o National Health System Foundation Trust Bariatric Surgery Center for Weight and Metabolism Management, vinculado à UCL.

Batterham também é vice-presidente de assuntos médicos da farmacêutica Eli Lilly, fabricante da tirzepatida (vendida como Mounjaro), aprovada no ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o tratamento de diabetes tipo 2.

O medicamento também teve sucesso em estudos clínicos globais na redução de peso em mais de 24% em pacientes com obesidade ou outras comorbidades. Para Batterham, terapias injetáveis, como a tirzepatida e a semaglutida (um composto de Ozempic e Wegovy) só existem graças ao conhecimento acumulado nas últimas duas décadas sobre a cirurgia bariátrica.

“Não existe um tipo único de obesidade e há muitos fatores que contribuem para a doença, como fatores genéticos e ambientais, que também desempenham um papel fundamental na prevalência da obesidade. Embora a visão anterior fosse de que tudo dependia apenas da força de vontade , Agora temos uma compreensão do papel crítico da genética na determinação do risco de obesidade”, disse Batterham, numa entrevista exclusiva em vídeo a partir da sua casa em Londres.

É preciso acabar com o estigma que ainda existe em torno da obesidade e do seu impacto na saúde, afirma. “É uma doença caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo, principalmente na região abdominal, e traz consigo inflamação do tecido ligada ao desenvolvimento de outras complicações”, afirma, citando que o Reino Unido passou a utilizar a proporção entre o largura da cintura e altura.

O médico hoje compara os tratamentos conhecidos para a obesidade com os usados ​​para o câncer. “Um paciente com câncer passa por uma avaliação multidisciplinar para indicar se precisará de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. É a mesma abordagem que deve ser usada para pessoas obesas e com sobrepeso. A cirurgia bariátrica não será necessariamente a melhor para todos os 1 bilhão de pessoas com obesidade . É tudo uma questão de tratamento certo para a pessoa certa no momento certo.”

Nesse sentido, identificar os fatores que poderão agravar a obesidade no futuro é essencial, uma vez que a obesidade – e outras doenças associadas – são atualmente responsáveis ​​por um elevado número de mortes prematuras no mundo. “A obesidade causa mais de 200 complicações de saúde e pode levar à morte prematura. Se conseguirmos identificá-la precocemente, em crianças, por exemplo, podemos focar na prevenção ou iniciar o tratamento muito mais cedo, evitando efeitos na saúde 40, 50 anos depois”, afirma. diz.

Sobre qual medicamento é atualmente mais eficaz para obesidade e perda de peso associada ao tratamento do diabetes tipo 2, Batterham evita respostas diretas, mas lembra que pesquisas independentes – realizadas por pesquisadores não ligados à Lilly – encontraram maior perda de peso no Mounjaro usuários do que Ozempic ou Wegovy.

Nesta segunda-feira (22), pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e do departamento de medicina da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicaram uma revisão de estudos globais de diferentes medicamentos antiobesidade na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association). . Como resultado, os usuários de tirzepatida tiveram uma perda de peso média de 12,4%, em comparação com 11,4% para os usuários de semaglutida.

“É importante ressaltar que estudos [do Ozempic e Mounjaro] Eles ocorreram em populações diferentes e também têm desenhos diferentes, portanto não podem ser comparados diretamente. Um estudo comparativo denominado Surpass em que parte dos participantes recebeu Mounjaro e parte Ozempic mostrou maior perda de peso em usuários que receberam tirzepatida. Os resultados finais só devem ser divulgados no ano que vem”.

O IMC (índice de massa corporal, calculado pela divisão do peso pela altura ao quadrado), valor utilizado para calcular a prevalência nacional, não é mais adequado para o diagnóstico individual. Batterham menciona uma esperança de desenvolvimento na próxima década de ferramentas mais sofisticadas para identificar fenótipos (ou manifestações de doenças) associados à localização do excesso de tecido adiposo com maior risco de obesidade.

A obesidade infantil é uma questão de grande preocupação, uma vez que está a crescer em todo o mundo. De acordo com o último Atlas da Federação Mundial de Obesidade, 22% (430 milhões) das crianças no mundo eram obesas em 2019, um número que poderá saltar para mais de 39% (770 milhões) até 2035.

No Brasil, a taxa de jovens com sobrepeso deverá chegar a 50% até 2035. Até o momento, Mounjaro está restrito a maiores de 18 anos. O Wegovy (semaglutida), da Novo Nordisk, foi aprovado no ano passado para o tratamento da obesidade em adolescentes com 12 anos ou mais, mas seu acesso ainda é limitado devido ao alto custo.

Em relação ao acesso, a Lilly está preocupada em expandir seus medicamentos pelo mundo para combater a obesidade – como, por exemplo, buscar novos medicamentos para desenvolvimento com maior impacto na perda de peso e também desenvolver medicamentos que possam ser armazenados com mais facilidade, como comprimidos, e não em geladeiras, como canetas injetáveis.

“Estamos investindo cerca de 27% de todo o nosso orçamento para focar na obesidade, com o objetivo de realmente impactar a saúde das pessoas afetadas. É claro que cada um é livre para tomar sua própria decisão, mas é meu dever, como médico, deixe as pessoas saberem dos riscos [de obesidade] e que isso pode ser tratado”, finaliza.



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