Ricardo Muniz | Agência FAPESP – Um estudo que envolveu cientistas de três instituições brasileiras e foi publicado na revista Archives of Psychiatric Nursing descobriu que a prática do mindfulness, também conhecida como atenção plena, ajuda os profissionais de enfermagem a gerenciar seus níveis de ansiedade e estresse. A metodologia adotada pelos autores foi uma revisão sistemática, buscando e examinando 14 estudos anteriores sobre o mesmo tema, realizados em sete países diferentes. Para organizar e analisar os dados de forma coerente, utilizou-se a meta-análise, técnica estatística que permite combinar os resultados de diferentes pesquisas, possibilitando conclusões mais precisas e confiáveis sobre o tema investigado. A meta-análise revelou uma diminuição estatisticamente significativa da ansiedade e do estresse após o tratamento.
A busca em sete bases de dados, incluindo Web of Science e Scopus, foi realizada em outubro de 2022. Foram selecionados inicialmente 861 artigos. Após uma triagem mais criteriosa, foram escolhidos 14 estudos para a revisão sistemática: três realizados na Austrália, dois nos Estados Unidos, um em Portugal, dois na China, dois no Brasil, três na Malásia e um em Taiwan. A metanálise abrangeu 13 dos 14 artigos. Com exceção de um inquérito realizado a profissionais de saúde num lar de idosos (Cuidados Continuados), todos foram realizados em hospitais.
Na enfermagem, existem diferentes categorias profissionais, incluindo enfermeiros, auxiliares de enfermagem e técnicos de enfermagem. A amostra de dez estudos foi composta exclusivamente por enfermeiros. Nos outros quatro estudos incluídos na revisão, a composição foi diferente: um deles envolveu enfermeiros e técnicos de enfermagem, outro incluiu auxiliares, técnicos e enfermeiros de enfermagem, um terceiro teve apenas auxiliares de enfermagem certificados, enquanto o quarto teve apenas técnicos de enfermagem como participantes . O total de participantes dos 14 estudos resultou em uma amostra de 818 profissionais na revisão sistemática.
“Além de estudos robustos sobre o adoecimento dos trabalhadores de enfermagem e o aumento do uso da prática de mindfulness, percebeu-se a importância de explorar esse tipo de intervenção para o manejo da ansiedade naquele grupo, combinando as duas frentes de pesquisa anteriores”, explica Karen de Oliveira Santana, especialista em saúde mental e psiquiátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), mestranda em saúde pela Escola de Enfermagem (EE-USP) e uma das autoras do artigo. Ela explica que o mindfulness propõe focar no momento presente de forma intencional e sem julgamentos, para observar sensações físicas, pensamentos e sentimentos sem reagir impulsivamente ou automaticamente. Envolve uma série de práticas meditativas, exercícios respiratórios e outras formas de autoconsciência. “Isso permite uma pausa entre o estímulo e a resposta, o que favorece pensar conscientemente antes de agir. As técnicas de respiração e meditação promovem o relaxamento físico e mental, ajudando a aliviar tensões relacionadas à ansiedade e ao estresse e contribuindo para uma maior consciência das próprias necessidades”, afirma Santana.
Da EE-USP, Caroline Figueira Pereira e Divane de Vargas (professoras), Manuela Silva Ramos (graduanda) e Roni Robson da Silva (mestrando) também assinaram o artigo. As outras duas autoras são Maria Neyrian de Fátima Fernandes, professora associada do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e Edilaine Cristina da Silva Gherard-Donato, doutora em enfermagem psiquiátrica e professora titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP).
Santana ressalta que a adoção do mindfulness entre as equipes de enfermagem não significa anular as demandas objetivas da área. “É possível controlar os sintomas de ansiedade e estresse nesse grupo, mas também é preciso olhar o que gera esses sintomas”.
As condições de trabalho das equipes de enfermagem incluem jornadas extensas, exposição constante a doenças, desvalorização profissional e baixos salários, o que intensifica o risco de adoecimento nessa profissão, avalia a pesquisadora. “Sendo majoritariamente feminina, a enfermagem também sofre com a dinâmica de gênero. Além das demandas no ambiente de trabalho, muitos profissionais ainda precisam lidar com as demandas domésticas atribuídas culturalmente às mulheres, agravando ainda mais o desgaste.”
A pesquisa contou com apoio da FAPESP.
No relatório Depressão e outros transtornos mentais comuns: estimativas globais de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou o Brasil como o país com maior proporção de pessoas ansiosas em relação à sua população total (9,3%). “Melhorar a qualidade de vida da equipe de enfermagem significa também melhorar a qualidade da assistência prestada à população”, afirma Santana.
Confira o artigo aqui A efetividade do mindfulness no manejo da ansiedade na equipe de enfermagem: revisão sistemática e meta-análise
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