Mulheres são mais propensas a ter lesões nos joelhos – Jornal Estado de Minas

Mulheres são mais propensas a ter lesões nos joelhos – Jornal Estado de Minas



Não é incomum ouvir alguém comentar que sofreu trauma ou sente dores nos joelhos. Isso vale para homens e mulheres, pois essas estruturas são alvos frequentes de desconfortos e lesões. E não é nenhuma surpresa, afinal o joelho possui articulações complexas que suportam o peso do corpo e também absorvem os impactos causados ​​pelos movimentos do dia a dia, como caminhar e subir escadas, e pelos exercícios também.

Porém, quando se trata de mulheres, esse cuidado precisa ser redobrado, pois elas correm maior risco de lesionar essa parte do corpo. Isso acontece devido à própria anatomia feminina. “A pelve da mulher costuma ser mais larga, os joelhos são valgos, ou seja, arqueados para dentro, e seu ângulo Q, formado pelo vetor de tração do quadríceps, exerce maior pressão sobre o joelho, o que pode aumentar o estresse nessa articulação. ”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelhos e traumas esportivos do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Esportiva (ISAKOS).

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E tem mais. “As mulheres em geral apresentam menor força muscular e menor estabilidade articular, o que aumenta a tendência a entorses e consequentes lesões articulares”, acrescenta o ortopedista e traumatologista Moisés Cohen, também do Einstein. Segundo ele, outro detalhe é que as patelas femininas tendem a se localizar mais lateralmente. “Isso aumenta o risco de condromalácia, lesão na cartilagem que reveste essa parte do joelho”, observa Cohen, que também é professor do departamento de Ortopedia, Traumatologia e Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) .

Outros fatores

As flutuações hormonais durante o ciclo menstrual também têm um impacto significativo nos joelhos. “As articulações, assim como a cartilagem que as protege, possuem receptores de estrogênio, hormônio que contribui para a manutenção da saúde dessas estruturas”, afirma Marcos. “Quando os níveis de estrogênio mudam durante o ciclo menstrual, eles ficam mais frágeis, causando maior frouxidão nos ligamentos, o que favorece a ocorrência de lesões, como as do ligamento cruzado anterior.”

E esse mecanismo também desencadeia consequências na menopausa. À medida que a produção hormonal muda nesta fase da vida e os níveis de estrogênio diminuem, as articulações ficam mais inflamadas, o que provoca dores em áreas como mãos, ombros e joelhos, favorecendo o surgimento de artrite e artrose, por exemplo. “Nesse período também ocorre perda óssea e muscular, desencadeando fraqueza muscular e óssea, o que também predispõe a lesões”, acrescenta Cohen.

Marcos também chama a atenção para o uso constante de salto alto, outro problema que pode prejudicar os joelhos. Ao calçar esse calçado, a pessoa distribui o peso corporal e caminha de forma diferente, concentrando a pressão nessa articulação. Ele explica que isso acaba exigindo mais dos joelhos e favorece o desgaste, principalmente da cartilagem patelar. Como resultado, aumenta a predisposição a doenças como condromalácia patelar e osteoartrite.

Exercícios ajudam a minimizar problemas

O fortalecimento muscular é um dos principais aliados dos joelhos femininos, pois os músculos ajudam a proteger, estabilizar e sustentar a articulação. “Exercícios de propriocepção que envolvam movimentos inesperados, em ziguezagues e em terrenos irregulares, por exemplo, também são bem-vindos, pois treinam a agilidade e ajudam a dar mais segurança e equilíbrio na movimentação dos joelhos, evitando quedas e lesões”, completa Cohen.

Alongar-se, evitar sobrecarga excessiva nos treinos, controlar o peso, realizar movimentos com técnicas adequadas e devidamente adaptadas ao corpo feminino também são práticas muito importantes. “E, caso haja algum sinal de dor, inchaço ou dificuldade de movimentação do joelho, é fundamental procurar um ortopedista para que ele faça o diagnóstico correto e indique o tratamento adequado”, alerta.



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