Após uma reunião do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu manter o status de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC) para mpoxuma zoonose viral que ficou conhecida como varíola dos macacos e varíola de macaco. Segundo a entidade, a decisão de continuar com o nível de alerta mais alto para um surto em curso considerou o aumento de casos, bem como os desafios na contenção do vírus.
“A minha decisão baseia-se no número crescente e na contínua dispersão geográfica dos casos, nos desafios operacionais no terreno e na necessidade de montar e sustentar uma resposta coesa entre países e parceiros”, disse, na sua conta no X (antigo Twitter), Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Um relatório com detalhes do encontro será divulgado na próxima semana, mas a OMS já solicita apoio dos países para conter a propagação da doença. Nesta semana, a entidade anunciou a liberação do uso emergencial de um nova vacina contra a doença e que o governo do Japão se comprometeu a doar 3,05 milhões de doses da vacina LC16m8, bem como agulhas de inoculação especializadas, à República Democrática do Congo. A vacina de dose única é recomendada para maiores de 1 ano.
Nova cepa mpox
A preocupação com a propagação do vírus é motivada pela nova linhagem, clado Ib, que está em surto principalmente na República Democrática do Congo. Isso ocorre porque causa condições mais graves e é mais letal. Enquanto a cepa anterior, clade II, matou 1% dos afetados, a nova versão chega a 10%.
Diante dessa constatação e da rápida disseminação da cepa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou em agosto deste ano o retorno da emergência global para mpox.
Até à data, foram confirmados casos da nova variante na República Democrática do Congo, no Ruanda, no Uganda, no Quénia e no Burundi. Suécia, Tailândia, Índia, Alemanha e Reino Unido importaram episódios. O nova cepa não foi detectada no Brasil nem em outros países das Américas.
De acordo com o balanço da entidade com dados encerrados em 3 de novembro, o mundo registrou 109.699 casos e 236 mortes por mpox em 123 países. O continente africano concentra a maior parte das notificações, totalizando 11.148 casos confirmados, dos quais 3.119 foram apenas no período de 23 de setembro a 3 de novembro. O República Democrática do Congoonde se concentram os casos da nova variante, totaliza 1.647 casos. No cálculo que inclui episódios suspeitos, o número sobe para 10.875.
A OMS informou que o Reino Unido teve o primeiro caso de transmissão local que ocorreu com uma pessoa que viajou para a África Oriental e transmitiu o vírus a três pessoas da família. Houve também uma infecção confirmada de um viajante na Irlanda do Norte.
A emergência global pela doença, que causa erupções cutâneas e pode matar, foi declarado pela primeira vez em 2022 e fechado em maio do ano passadoquando o surto foi contido e o vírus demonstrou que não estava provocando alterações nos sintomas ou na gravidade dos casos.
Entenda o mpox
Descoberto em 1958, o mpox passou a ser chamado de varíola dos macacos porque foi observado pela primeira vez em primatas usados em pesquisas. Ela circula principalmente entre roedores, e os humanos podem ser infectados através do consumo de carne, do contato com animais mortos ou de ferimentos por eles causados.
Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, gânglios linfáticos inchados, calafrios e exaustão. A erupção geralmente começa no rosto e depois se espalha para outras partes do corpo, especialmente mãos e pés. A doença é endémica em países da África Central e Ocidental, como a República Democrática do Congo e a Nigéria.
Análises preliminares dos primeiros casos do surto na Europa e América do Norte ocorrido em 2022 demonstrou que o vírus foi detectado pela atenção primária ou serviços de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. O OMS alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado. A doença provocou 99 mil casos e 200 mortes em 116 países entre maio de 2022 e junho deste ano.
No Brasil, foram registrados mais de 10 mil casos em 2022 e 853 casos no ano passado da variante antiga. Em 2024, até 25 de outubro, foram notificados 1.495 casos.
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