A maioria das mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial tem grandes chances de engravidar após o tratamento da doença, sugere estudo apresentado no último congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), realizado em junho nos Estados Unidos. Das pacientes avaliadas, 73% conseguiram engravidar e 65% deram à luz um bebê vivo.
Segundo especialistas, este é o primeiro estudo com mais de dez anos de acompanhamento que avalia a fertilidade em pacientes com menos de 40 anos com doença não metastática. “A maioria dos estudos anteriores levou em conta uma seguir mais curto e não tinha um foco tão específico na parte gestacional”, analisa a oncologista Patrícia Taranto, do Hospital Israelita Albert Einstein. “A pesquisa apresenta um cenário promissor para essas jovens pacientes com câncer de mama em estágio inicial, pois os resultados sugerem que é possível conciliar os cuidados de saúde e o desejo de engravidar.”
O tratamento deste tumor impacta a fertilidade porque a quimioterapia pode levar à supressão da função ovariana, induzindo a menopausa precoce. Nos tumores chamados receptores hormonais positivos, a terapia para reduzir os níveis dos hormônios que “alimentam” a doença também é capaz de causar falência ovariana.
No entanto, existem maneiras de reduzir esse risco combinando o tratamento do câncer de mama com medicamentos para proteger a função ovariana. Outro importante aliado é o aconselhamento sobre fertilidade, com congelamento de óvulos ou embriões.
O estudo avaliou dados de 1.213 mulheres diagnosticadas com tumores de mama não metastáticos entre 2006 e 2016. Nesse período, 197 tentaram engravidar e a maioria conseguiu. Apenas 28% realizaram tratamentos para preservar a fertilidade e as chances de gravidez foram maiores para esse grupo e para as mulheres mais jovens.
“É possível engravidar sem preservação da fertilidade”, explica Patrícia. “Mas com o congelamento prévio de óvulos ou embriões, as chances aumentam se houver problemas na indução da menopausa precoce devido ao tratamento.”
Portanto, os autores reforçam a importância de maior acesso a essas informações e serviços para preservação e orientação sobre fertilidade. “É importante que esses pacientes tenham acesso tanto ao apoio emocional quanto às orientações no início do diagnóstico para que possam tomar precauções antes de iniciar o tratamento e planejar a possibilidade de congelamento de óvulos ou embriões, independentemente do tipo de tumor, por um período possível gravidez futura.
Vale lembrar que os procedimentos de preservação da fertilidade não aumentam o risco de recorrência do tumor nem impactam na agressividade da doença. Hoje é possível fazê-las de forma mais rápida para não atrasar o tratamento da doença.
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