Latino-americanos desconhecem doenças da retina que impactam visão

Preservar o visão de pacientes com diabetes é uma preocupação dos médicos, além de evitar e perda desse sentido nos idosos. Embora se estabeleça a relação entre certas doenças, o envelhecimento e as dificuldades de enxergar, o principais doenças que afetam a retina, membrana que transmite imagens ao cérebro, ainda não são conhecidas pela população. Entre os latino-americanos, 66% não sabem o que Degeneração Macular Relacionada à Idade (AMD) e 76% desconhecem o Retinopatia diabéticaque leva ao Edema Macular Diabético (EMD), principal causa de perda de visão em pessoas que vivem com diabetes.

Os dados são de uma pesquisa inédita com 8 mil pessoas no Brasil, Colômbia, Argentina e México que mapearam a compreensão da população sobre condições que afetam a retina, diabetes e doenças crônicas. O levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa de Inteligência e Consultoria Estratégica (Ipec) a pedido da farmacêutica Bayer.

Mesmo desconhecendo essas doenças, os entrevistados possuem informações sobre quais problemas podem levar a complicações na visão. Entre os participantes da pesquisa, 57% consideram que o descontrole do diabetes é uma das principais causas de cegueira e 51% entendem que a perda de visão é causada por infecção ocular.

Ligada ao envelhecimento, a Degeneração Macular Relacionada à Idade é a principal causa de cegueira irreversível após os 50 anos. A estimativa é que aproximadamente 10% da população mundial desenvolverá o problema. “Para se ter uma ideia, só no Brasil estamos falando de cerca de 3 milhões de pessoas. Em 2040, haverá 288 milhões de pessoas no mundo. É importante destacar que com o aumento da expectativa de vida da população esse número tende a aumentar consideravelmente”, afirma Diego Bueno, gerente médico da área de oftalmologia da Bayer.

No caso do diabetes, além risco de amputação Quando a doença está descompensada, existe o perigo de retinopatia diabética. Em 7,5% a 11% dos pacientes com a doença, há progressão para Edema Macular Diabético, que também causa perda de visão. “Estamos falando potencialmente de 35 milhões de pessoas só nesses quatro países latino-americanos, o que é alarmante e deveria receber a devida atenção e cuidado, afinal estamos falando da perda de um sentido que traz impactos relevantes na qualidade de vida”, diz Bueno.

Conscientização do paciente

Nesta quarta-feira, 5, a reportagem seguiu uma esforço conjunto para avaliar a saúde ocular de pacientes com diabetes em Santa Casa da Misericórdia de São Paulono centro da capital paulista.

Durante os atendimentos e exames, o oftalmologista especialista em retina Ronaldo Sano explicou como a doença impacta a visão. “Nesses pacientes, começam a ocorrer vazamentos nas estruturas mais nobres da visão devido à incompetência vascular. Portanto, o diagnóstico é importante.”

Os sintomas incluem variações na percepção virtual ao longo do dia, sensação de ver “moscas volantes” e perda de visão central. Para pacientes com diabetes tipo 1, a recomendação é que a consulta ao oftalmologista seja realizada cinco anos ou mais após o diagnóstico da doença. “No caso do diabetes 2, o encaminhamento ao oftalmologista deve ser feito no momento do diagnóstico.” Os exames devem ser realizados todos os anos.

O tratamento é feito com a aplicação de um medicamento que inibe a proteína ligada ao crescimento anormal dos vasos sanguíneos no interior dos olhos.

Um dos pacientes examinados foi Eugênio Antonio de Almeida, de 73 anos, diagnosticado com diabetes há dois anos. A avaliação mostrou uma alteração leve, mas não deve afetar a parte mais importante da visão se a doença continuar controlada.

“Há cinco meses a diabetes descompensou, mas a situação está regularizada há um mês. Ele passou por uma cirurgia de catarata em dezembro e maio e está bem. Agora é só continuar regulando a alimentação e se cuidando”, disse a massoterapeuta Francisca Maria José de Almeida, 46 anos, filha do aposentado.