Kate Middleton anunciou nesta segunda-feira (9), por meio de um vídeo divulgado pelo Palácio de Kensington, que concluiu o tratamento quimioterápico. No material compartilhado, a Princesa de Gales relatou que passou por momentos desafiadores, mas que agora está focada na sua recuperação.
“Não consigo expressar o alívio que é finalmente encerrar meu tratamento. Os últimos nove meses foram incrivelmente difíceis para nós, como família. A vida como você a conhece pode mudar em um instante e tivemos que encontrar uma maneira navegar nessas águas agitadas A jornada do câncer é complexa, assustadora e imprevisível para todos, especialmente para aqueles mais próximos de você”, diz ele.
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Segundo o Palácio de Kensington, o fim da quimioterapia é um marco importante, porém ainda não é possível determinar se a Princesa de Gales está livre do cancro.
Entender
No início deste ano, durante exames de rotina que identificaram alterações suspeitas, Kate descobriu a neoplasia. Logo após o diagnóstico, ela foi submetida a um procedimento cirúrgico no abdômen. A princesa então anunciou que estava fazendo uma “quimioterapia preventiva” para tratar um tipo de câncer não revelado.
“Em janeiro, fiz uma grande cirurgia abdominal e na época pensava-se que meu estado não era cancerígeno. A cirurgia foi um sucesso, porém os exames após a operação mostraram que havia câncer. agora estou na fase inicial desse tratamento”, disse na época.
O que é quimioterapia?
O tratamento quimioterápico consiste basicamente no uso de medicamentos que têm como missão eliminar as células cancerígenas e evitar que elas se espalhem e se multipliquem no organismo.
Segundo Mariana Laloni, oncologista e diretora médica técnica da Oncoclínicas, entre as diversas finalidades para indicação da quimioterapia, o especialista avaliará o tipo de tumor, tamanho, localização, se há ou não metástases, idade do paciente, estado geral de saúde, medicamentos em uso e história. Após a obtenção de todas as respostas, será indicado ao paciente o tratamento adequado, podendo ou não ser adotadas estratégias combinadas com outras alternativas terapêuticas.
As finalidades do uso deste tipo de medicamento incluem:
- Quimioterapia curativa: na tentativa de curar completamente o câncer
- Quimioterapia neoadjuvante: feitos antes ou associados a outros tratamentos, para torná-los ainda mais eficazes. Aqui, o objetivo da quimioterapia é “diminuir” o tumor para potencializar o efeito da radioterapia ou cirurgia.
- Quimioterapia adjuvante: feito após cirurgia ou radioterapia, como forma de prevenir a recorrência (retorno) do câncer
- Quimioterapia paliativa: Se a cura não for possível, a quimioterapia pode ser administrada para aliviar os sintomas do câncer.
O oncologista lembra que os avanços científicos no combate ao cancro garantem atualmente um vasto leque de possibilidades aos doentes oncológicos, que serão definidas com base em avaliações do perfil de doença de cada indivíduo, de forma cada vez mais personalizada. “Precisamos lembrar que existe um arsenal de estratégias médicas possíveis, a maioria delas muito avançadas e com altos índices de cura. Cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias direcionadas são alguns dos pilares do tratamento que mudaram o panorama de uma doença que, no passado, era tão temida”, comenta.
Falta de informação e tabus
Para Mariana Laloni, mesmo com avanços e casos de cura, ainda há um grande desafio em desmistificar o diagnóstico do câncer e os tratamentos da doença. “Temos a obrigação de informar corretamente e preservar a individualidade dos pacientes, sejam eles figuras públicas ou pessoas comuns. Médicos, profissionais de saúde, jornalistas e pacientes devem compreender que informar com precisão é uma prestação de serviço e significa cuidado”, comenta.
O oncologista acrescenta ainda que casos como esse podem gerar ainda mais desinformação e tabus quando não abordados corretamente. “Isso expõe figuras públicas e outros pacientes, que acabam passando por sofrimentos desnecessários. E não contribui em nada para fornecer informações adequadas e corretas que possam salvar vidas”, enfatiza.
Panorama global do câncer
Atualmente, considerando uma prevalência de cinco anos da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que aproximadamente 53,5 milhões de pessoas vivem com câncer no mundo, sendo 1,6 milhão delas no Brasil – número que, segundo as perspectivas da entidade, continuar a crescer.
As projeções indicam tendência de aumento nas taxas globais de detecção de câncer, atingindo um aumento médio de 77% em 2050 quando comparado ao cenário registrado em 2022, com 20 milhões de novos casos da doença. Isto significa que nas próximas décadas, uma em cada cinco pessoas terá cancro em alguma fase das suas vidas.
Em 2022, 10 tipos de cancro representaram dois terços dos novos casos e nove milhões de mortes decorrentes da doença. O câncer de pulmão foi o mais comum no mundo, com 2,5 milhões de diagnósticos (12,4% do total), seguido pelo câncer de mama feminino (2,3 milhões, ou 11,6%), câncer colorretal (1,9 milhão, 9,6%), próstata (1,5 milhão , 7,3%) e estômago (970 mil, 4,9%). Globalmente, os tumores de pulmão (18,7%), colorretal (9,3%) e de fígado (7,8%) foram as principais causas de morte pela doença.
No Brasil, dos 1.634.441 pacientes com câncer em 2022 — incluindo casos novos e diagnosticados em cinco anos — 278.835 morreram, principalmente por tumores de pulmão, mama feminina e colorretal. As três maiores incidências foram próstata (102.519), mama feminina (94.728) e colorretal (60.118). O risco de desenvolver qualquer tipo de câncer no país antes dos 75 anos era de 21,5%, sendo maior (24,3%) entre os homens.
Considerando a previsão de novos casos em 2050, o Brasil deverá registrar 1,15 milhão de novos casos, um aumento de 83,5% em relação a 2022. As mortes por câncer também deverão ter um aumento considerável: 554 mil, 98,6% a mais que o atual volume registrado de mortes pelo doença no país.
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