O Brasil enfrenta uma mudança no perfil das principais causas de mortalidade, segundo novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira, 4. Entre 2019 e 2023, mortes por câncer aumentaram 7,7%destacando-se como um dos principais causas de mortejuntamente com doenças do aparelho circulatório, causas externas (como violência e acidentes) e infecções respiratórias.
Com 15,8% da população brasileira com mais de 60 anoso envelhecimento é um dos motores do aumento de doenças crónicas, como o cancro e os problemas cardíacos. A esperança de vida à nascença atingiu 76,4 anos em 2023, enquanto a taxa de fertilidade total caiu para menos de dois filhos por mulher. Este cenário reflete a transição demográfica e epidemiológica do país, onde doenças não transmissíveis superam agora, em número de mortes, quadros infecciosos que antes dominavam o panorama.
“Esse crescimento está associado ao envelhecimento da população brasileira, que está acontecendo de forma muito mais rápida em comparação com outros países”, destaca o analista socioeconômico do IBGE, Jefferson Mariano, que destaca ainda que as neoplasias malignas têm crescido em todas as faixas etáriasmas o O impacto é mais evidente nos idosos.
Desigualdades no acesso aos cuidados de saúde
O impacto de causas externas, como violência e acidentes, expõe desigualdades marcantes na saúde brasileira. Entre os homens pretos ou pardos, por exemplo, a taxa de mortalidade por causas externas até os 44 anos é 2,7 vezes maior do que entre homens brancos. Entre as mulheres, as disparidades manifestam-se nas doenças crónicas: as mulheres brancas apresentam maior mortalidade por câncer entre 30 e 69 anos, enquanto doenças cardíacas Eles são mais comuns em mulheres negras e pardas.
“Episódios de violência policial e outras formas de agressão estrutural são indicadores do impacto das desigualdades sociais na mortalidade, uma vez que afectam desproporcionalmente a população negra e parda“, explica Mariano.
As infra-estruturas de saúde também apresentam desafios regionais e económicos. Apesar do Aumento de 30% no número de tomógrafos entre 2019 e 2023, segundo o IBGE, o distribuição destes equipamentos permanece desigual. Estados como Acre e Roraima apresentam taxas muito inferiores à média nacional, dificultando o diagnóstico precoce de doenças como o câncer.
Além disso, houve uma Redução de 19,3% em leitos hospitalares da rede privada. No Sistema Único de Saúde (SUS), houve uma Aumento de 2% nos leitos de internação, mas a taxa de 14,6 leitos por 10 mil habitantes ainda é abaixo das necessidades população crescente.
Impacto das infecções e da pandemia de covid-19
Doenças respiratóriascomo gripe e pneumonia, continuam sendo causas frequentes de morte no Brasil, principalmente entre idosos e crianças. Entre 2019 e 2023, o A Covid-19 também deixou a sua marca na mortalidade geralcausando um aumento significativo nas mortes por doenças virais, que cresceram mais de 5.900% no período analisado.
O relatório destaca que a pandemia não só sobrecarregou o sistema de saúde, mas também diagnósticos e tratamentos tardios de outras doenças. Isto contribuiu para o aumento da mortalidade por cancro e outras doenças crónicas devido à falta de rastreio adequado durante anos críticos de emergência.
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