Hérnias da parede abdominal são comuns na população e afetam entre 20% e 25% dos adultos, o que representa, em média, 28 milhões de brasileiros. Números do DataSus indicam que, só de janeiro a setembro de 2024, foram realizadas 270.741 cirurgias para tratamento desta doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Existem diferentes tipos de hérnia, incluindo:
- Inguinal: bate na virilha
- Umbilical: protuberância que ocorre na região do umbigo
- Epigástrico: acontece logo acima do umbigo
- Incisional: atinge o local da cicatriz de uma cirurgia anterior
Nos casos iniciais, a hérnia é pequena e causa sintomas leves. Segundo Gustavo Soares, cirurgião e presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH), a população deve ficar atenta a sintomas como:
- Presença de uma bolinha (protuberante) no abdômen ou na virilha
- Dor ou desconforto na área, especialmente durante atividade física
- Melhora dos sintomas com repouso
Segundo o especialista, o ideal é que o diagnóstico e o tratamento ocorram precocemente para evitar complicações e progressão. “As hérnias são uma abertura no músculos abdominais que permitem que parte dos órgãos ou gordura passe através dele. A princípio esses espaços são pequenos mas, sem tratamento adequado, tendem a aumentar de tamanho e também podem apresentar complicações como estrangulamento e aprisionamento, que exigem cirurgia de emergência”, destaca.
A hérnia incisional é a única que pode iniciar em tamanhos mais avançados, de acordo com o corte da cirurgia realizada anteriormente. As que ocorrem na virilha representam 75% de todos os casos e 20% dos homens terão a doença ao longo da vida, assim como 3% das mulheres. Já afastou 28 mil trabalhadores dos seus empregos em 2023, segundo o Ministério da Segurança Social, sendo a oitava maior causa de benefícios por invalidez temporária.
O cirurgião e vice-presidente da SBH, Heitor Santos, ressalta que as hérnias não desaparecem sozinhas e a cirurgia é a única forma de tratamento. “Realizar o tratamento é fundamental para evitar complicações e retomar qualidade de vida. Não existe nenhum tipo de medicamento, cinto ou fisioterapia que seja capaz de fechar o espaço aberto nos músculos do paciente, tornando necessária a cirurgia. Atualmente, o procedimento pode ser feito de forma minimamente invasiva, ou seja, com apenas pequenos cortes, utilizando o cirurgia videolaparoscópica ou robótica”, explica.
O tempo de descanso recomendado após a cirurgia depende de fatores individuais. Em geral, a recomendação é descansar pelo menos três a cinco dias, período em que também deve ser evitado dirigir. Recomenda-se evitar levantar pesos superiores a cinco a 10 quilos e fazer exercícios abdominais por 30-60 dias.
A região Sudeste foi a que mais pacientes atendeu em 2024, com 105.552 pessoas atendidas no período. De 2022 para 2023, o número de cirurgias realizadas no SUS para tratamento da doença aumentou 17%, passando de 285 mil para 334 mil.
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