Considerada uma emergência silenciosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade. No mundo, cerca de 10% dos nascimentos são prematuros, segundo relatório divulgado em 2023 pela OMS e Unicef, em parceria com a Parceria para a Saúde Materna, Neonatal e Infantil (PMNCH). No Brasil, foram registrados 3.530.568 nascimentos prematuros entre 2012 e 2022, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
Os fatores da prematuridade podem ser diversos, incluindo maternos, fetais e ambientais, como explica Josei Karly SC Motta, coordenador do curso de Enfermagem da Estácio BH. “As principais causas, principalmente quando não é realizado um pré-natal cuidadoso, são pré-eclâmpsia, infecções, problemas de placenta, gestações múltiplas, doenças crônicas da mãe (diabetes e hipertensão), idade materna muito jovem ou avançada, tabagismo, uso uso de drogas ou álcool, estresse excessivo e falta de acesso a cuidados adequados com equipe multidisciplinar”, afirma.
O nascimento prematuro tem consequências para toda a vida, o que exige apoio de equipe multidisciplinar, dedicação e resiliência dos pais dada a sobrecarga emocional. “No curto prazo, os bebês prematuros podem apresentar problemas respiratórios, como síndrome do desconforto respiratório, e problemas de alimentação, icterícia (coloração amarelada ou alaranjada da pele e das conjuntivas) e aumento do risco de contrair infecções. A longo prazo, podem apresentar atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo, dificuldades de aprendizagem, problemas de visão e audição e maior probabilidade de doenças respiratórias e cardiovasculares na infância e na idade adulta”, descreve a enfermeira.
Após a alta, o cuidado ao bebê prematuro envolve visitas regulares ao pediatra para acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento. “A alimentação deve ser adequada, geralmente com fórmulas especiais ou complementação com amamentação, além de monitoramento constante para sinais de infecção. O ambiente em que o bebê vive deve ser seguro, controlando a temperatura e evitando exposição a pessoas doentes ou agentes infecciosos. Também é fundamental criar um ambiente tranquilo e estabelecer uma rotina de sono que promova o bem-estar do bebê”, aconselha Josei Motta.
A assistência pré-natal regular é fundamental para prevenir o parto prematuro, bem como controlar doenças crónicas como a diabetes e a hipertensão, acabar com hábitos nocivos como o tabagismo e o consumo de álcool e controlar as infeções.
“O pré-natal ideal consiste em consultas periódicas para acompanhamento da saúde da mãe e do bebê, incluindo exames de rotina, como ultrassonografia, exames de glicemia e exames de sangue. É importante também que as gestantes recebam orientações sobre alimentação balanceada, prática de atividade física, manejo do estresse e identificação de possíveis complicações”, pontua.
A especialista acrescenta que o pré-natal deve garantir que as vacinas e a suplementação de ácido fólico (vitamina B9) estejam em dia e, em alguns casos, pode ser recomendado o uso de medicamentos corticoides para acelerar o desenvolvimento pulmonar do bebê.
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