O câncer de cabeça e pescoço atinge cerca de 40 mil brasileiros por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), e inclui, entre os tipos mais comuns, os tumores que se desenvolvem na laringe, cavidade oral, orofaringe, tireoide, nos olhos e no cérebro . O tratamento depende da localização e do estágio da doença, podendo consistir em intervenção cirúrgica, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou terapia direcionada. Nem todo mundo sabe, mas nesta fase – ou mesmo antes e depois –, além do médico, o fonoaudiólogo tem papel fundamental na melhoria da qualidade de vida do paciente.
As cirurgias e a radioterapia utilizadas no tratamento do câncer de cabeça e pescoço, assim como a própria doença, podem afetar a voz, a fala, a motricidade orofacial e a deglutição. Os pacientes também podem apresentar déficits de memória, atrasos de linguagem, alterações sensoriais de olfato, paladar e localização espacial e sonora, em casos de baixa visão. “No caso dos tumores cerebrais, a reabilitação vai considerar a área afetada, pois cada região do cérebro corresponde a um comando específico de funções desempenhadas no dia a dia”, ilustra Gabriella Santana, fonoaudióloga da Casa de Apoio Aura.
A especialista ressalta que a terapia fonoaudiológica para pacientes com câncer é planejada de acordo com as demandas individuais. “São utilizadas diferentes técnicas dependendo do caso e da necessidade do paciente. Na reabilitação da fala, por exemplo, realizamos exercícios que estimulam desde a correta articulação da fala até o seu aporte neurológico, pois é preciso reeducar o cérebro para que ele reaprenda a realizar algumas funções vitais, que até então pareciam automático”, descreve ela.
Segundo Gabriella, a intervenção do fonoaudiólogo pode começar no pré-operatório, por meio de orientações e informações sobre possíveis dificuldades decorrentes do tratamento e, dependendo do caso, 15 dias após a cirurgia. “Normalmente o tratamento fonoaudiológico dura em torno de seis meses, mas isso vai depender do quadro clínico, da extensão da lesão e da resposta do paciente”, ressalta.
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Na Casa de Apoio Aura, que acolhe pacientes de zero a 17 anos em tratamento de câncer, doenças hematológicas e transplantados, e seus acompanhantes, a terapia fonoaudiológica é utilizada durante o tratamento e, após a alta, são fornecidas orientações sobre os cuidados e exercícios a ser executado. realizado em casa para uma melhor recuperação.
“Antes de qualquer mudança fonoaudiológica, existe um ser humano que necessita de uma excelente reabilitação e com respeito a todas as suas limitações físicas e emocionais. Aqui na Aura atendo pacientes já estáveis e em tratamento de quimioterapia e radioterapia. Além de trabalhar na reabilitação de possíveis sequelas funcionais pós-cirúrgicas, também atuo em possíveis danos causados pela radioterapia, como o enrijecimento muscular, que causa dificuldades durante a mastigação e deglutição”, informa a fonoaudióloga Gabriella.
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