Em 1998, eu era um jovem cirurgião, ávido por novas tecnologias. Naquele ano, comecei a me envolver com o mundo da cirurgia bariátrica e na pesquisa sobre obesidade. A novidade foi a cirurgia de banda gástrica ajustável e naquela época participei dos estudos iniciais dessa técnica no Brasil, método que ainda hoje é válido, mas muito pouco utilizado devido ao seu baixo efeito na perda de peso.
Mais de 25 anos depois, muita coisa mudou no tratamento da obesidade e anos melhores estão por vir.
No início dos anos 2000, houve uma corrida mundial pelo tratamento cirúrgico da obesidade. Havia muitos cirurgiões circulando pelo mundo, aprendendo, ensinando e operando. Os congressos estavam lotados e qualquer novidade era aclamada como os fogos de artifício de Copacabana. A “luta” pela melhor técnica envolveu todos: pesquisadores, indústria de materiais, cirurgiões, clínicos, foi uma mistura de excitação entre a realidade e possíveis erros em falsidades. Foram criadas técnicas sem base científica e até dispositivos que davam choque no estômago. Tudo com o objetivo de ser o pioneiro ou o caloteiro.
A ideia de operar pacientes com peso superior a 200 ou 300 kg tornou a mística da cirurgia bariátrica ainda mais desafiadora e colocou os cirurgiões em patamares ainda mais elevados. Mas depois de tantos anos e de tantas técnicas descobertas, aquela que apresenta melhores resultados na perda de peso e no controle de doenças metabólicas ainda é a ponte de safena, inventada pelo cirurgião americano Edward Mason, considerado o pai da cirurgia bariátrica, que morreu aos 5 anos. de 100, e que me deu a honra de escrever o prefácio do meu livro e o capítulo sobre sua técnica.
Durante anos pensou-se que as técnicas de cirurgia bariátrica funcionavam porque o paciente comia menos e absorvia pouco. E foi em 1995 que um cirurgião americano observou que doenças como o diabetes começaram a reverter, antes mesmo da perda de peso. Naquele ano, tudo começou a mudar.
A alquimia de técnicas e efeitos em nosso corpo não passou despercebida por quem estuda o paciente e novos medicamentos começaram a ser criados. Hoje, parece que teremos um Réveillon com novidades não cirúrgicas.
Em 2016 surgiram os análogos do GLP1 e, pela primeira vez, tivemos medicamentos seguros e com efeitos lógicos na perda de peso para o tratamento de quem vive com obesidade. Ele era o famoso Ozempico (semaglutida).
Quando realizamos uma cirurgia de ponte de safena, por exemplo, desviando o intestino, fazemos com que o alimento chegue mais rapidamente ao fim. É nesta região que temos sensores que liberam substâncias para equilibrar o açúcar, além de irem para o centro de saciedade do cérebro, reduzindo nossa vontade de comer e diminuindo a movimentação estomacal e intestinal. GLP1 é um deles.
Essa substância que produzimos naturalmente também causa esses efeitos, mas é rapidamente degradada por uma enzima para que fiquemos com fome e comamos novamente, princípio básico para a sobrevivência. O GLP1 de laboratório não é degradado por esta enzima, portanto seu efeito é duradouro. Descobriram a pólvora, mas não para os fogos de artifício!
Em 2022, potencializaram esse efeito: foi criado o Mounjaro (tirzepatida), que tem GIP e GLP1. Essas substâncias são chamadas de incretinas e ambas estão envolvidas no equilíbrio da glicose (açúcar) e na saciedade. O GIP, em geral, é produzido logo após o estômago. É o primeiro sensor que informa ao pâncreas para equilibrar o açúcar no sangue e também começar a fazer você se sentir saciado. Esses efeitos são potencializados quando o alimento chega ao final do intestino via GLP1.
Dez anos depois de usar análogos do GLP1, sua patente está prestes a cair. Novos medicamentos genéricos com melhores preços poderão atingir uma população ainda maior.
A festa de Ano Novo será melhor do que esperávamos. O universo de novos medicamentos e tratamentos seguros e eficientes para quem convive com a obesidade continua a crescer, muitos deles devido às observações dos efeitos da cirurgia bariátrica. Ozempic, Wegovy, Mounjaro, CagriSema… a caça aos “Pokémons” da obesidade será grande em 2025.
Desejo que os pacientes vençam a batalha. Mas cuidado com armadilhas, pistas falsas e caminhos errados. A falta de zelo nessa luta pode transformar o ano novo em mais um ano perdido.
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