Nativo do Cerrado, o buriti contém vitaminas, minerais, fibras e diversos nutrientes em sua polpa. Sua concha, que geralmente passa despercebida, também contém muitas coisas preciosas. Para combater esse desperdício, pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) desenvolveram uma farinha, feita exclusivamente com as cascas dessa fruta. Através de análises laboratoriais, concluíram que o produto contém substâncias protetoras. O trabalho foi publicado na revista científica “Food Research International”.
Um dos destaques é o alto teor de betacaroteno, precursor da vitamina A, que atua, sobretudo, a favor dos olhos, da pele e do sistema imunológico. Além do beta-caroteno, a farinha contém outros membros da família dos carotenóides, como o alfa-caroteno.
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Oferece também compostos fenólicos, em mistura com poderosa ação antioxidante, ou seja, protege as células. “Entre os fenólicos está a trigonelina”, revela o nutricionista Wallace Carlos de Sousa, autor do estudo. Segundo Sousa, há evidências de que a substância promove a saúde do cérebro. As análises também mostraram um bom suprimento de fibras, guardiãs do intestino.
Uso total
A farinha desenvolvida pelos pesquisadores do UFT tem potencial para aprimorar diversas receitas. “Pode ser utilizado no preparo de bolos, panquecas, biscoitos e pode até ser utilizado na merenda escolar, substituindo versões refinadas”, destaca Wallace. Para ele, esta é uma estratégia que promove a saúde, a sustentabilidade e a inovação na indústria.
“Um dos objetivos do nosso grupo é agregar valor aos produtos regionais, utilizando novas tecnologias”, afirma o professor Abraham Damian Giraldo Zuniga, do programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFT e orientador do trabalho.
Para Gabriela Mieko, nutricionista do Espaço Einstein, do Hospital Israelita Albert Einstein, incentivar o aproveitamento integral dos alimentos ajuda a reduzir o volume de desperdício e maximiza o uso dos recursos naturais. “Essa prática não só reduz os impactos ambientais, mas cria oportunidades econômicas, incentivando uma alimentação mais consciente e nutritiva”, comenta o especialista.
Uso tradicional
Embora desconhecido por muita gente, o buriti é apreciado há muito tempo pelas populações da região do Cerrado e até da Amazônia, onde a espécie também é encontrada. Devido ao seu alto teor de gordura, tem sido utilizado pelos povos indígenas como uma espécie de óleo para tratar a pele. Na verdade, essa alta concentração de gorduras também é popular na indústria cosmética e aparece na formulação de hidratantes e protetores solares. Novamente, a polpa serve de matéria-prima e as cascas vão para o lixo.
Quanto ao uso culinário, segundo Wallace, o suco geralmente é extraído da polpa para preparar doces e geleias, além do suco, que é consumido com farinha de mandioca. Para quem nunca experimentou, vale a pena conferir. Essa é uma forma deliciosa de aumentar a variedade do seu cardápio e encher o seu dia a dia de sabores, cores e muito mais nutrientes.
“O uso de frutas nativas como o buriti não só enriquece a alimentação do ponto de vista nutricional, mas também incentiva a preservação de espécies e biomas, contribuindo para a economia local e a diversidade cultural”, afirma o especialista do Einstein.
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