Estudo associa vacina de tétano a menor risco de Parkinson – Jornal Estado de Minas

A vacina contra o tétano pode reduzir o risco de uma pessoa desenvolver Parkinson, sugere um novo estudo israelense. Segundo os autores, os resultados apontam para o envolvimento da bactéria causadora da infecção no surgimento da doença degenerativa. Como mostrou um algoritmo criado pelos pesquisadores, quanto mais recente a dose, maior o efeito protetor. A vacinação também pareceu retardar a progressão da doença.

Os investigadores especulam que a toxina da bactéria Clostridium tetani, que causa o tétano, pode estar presente no trato gastrointestinal e migrar para o sistema respiratório, incluindo os seios paranasais, o que causaria danos nos nervos. Mas os próprios autores reconhecem que a simples presença do patógeno não seria suficiente para promover o Parkinson.

Os dados provêm de pesquisas observacionais conduzidas por cientistas da Universidade de Tel Aviv e da Leumit Health Services, uma organização que mantém registros médicos eletrônicos completos nas últimas duas décadas. Eles acompanharam 1.446 pacientes adultos com diagnóstico de Parkinson entre 45 e 75 anos de idade e os compararam com um grupo de controle composto por mais de sete mil pessoas. Entre os diagnosticados, 1,9% tomaram a vacina no período avaliado, ante 3,1% dos demais.

A doença de Parkinson é multifatorial e não existe uma causa única. Sabe-se que está relacionada a diversos fatores, inclusive ambientais, como contato com solventes, metais pesados ​​e toxinas, além de problemas hormonais e do próprio envelhecimento.

Em alguns casos, a condição é devida a mutações genéticas. “Daí a dificuldade de desenvolver um medicamento capaz de curá-la”, explica o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein. “A neuroinflamação e as toxinas são mecanismos conhecidos que desencadeiam doenças neurodegenerativas, incluindo o Parkinson. Seja no bulbo olfatório ou no intestino, esse processo começa na periferia até chegar ao cérebro”, explica Felício.

Mas, segundo o neurologista, é preciso muita cautela com os resultados deste estudo, que ainda não foi revisado por pares. “A investigação aponta para infeções e toxinas que ingerimos ou inalamos ao longo da vida e que podem, por exemplo, alterar a flora bacteriana ou a flora do pavilhão olfativo. A partir daí começa o processo de neurodegeneração”, afirma o especialista. “No entanto, essa relação ainda é timidamente explorada na literatura científica e o veículo de publicação é muito frágil. O ideal seria que fosse publicado numa revista melhor”, destaca o especialista.

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O Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica causada pela queda na produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido no controle motor. Além dos sintomas clássicos, como tremores, lentidão e rigidez nas articulações, pode haver ansiedade, depressão, demência, entre outros. Não há cura, mas você pode controlar os sintomas com medicamentos. Alguns pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda, que utiliza uma espécie de marca-passo implantado cirurgicamente e produz um estímulo elétrico capaz de modular as estruturas nervosas envolvidas nos sintomas.

O tétano é uma infecção causada pela toxina da bactéria Clostridium tetani, que está presente em ambientes como solo, poeira, fezes de animais e vegetação. O risco, portanto, não está apenas nos pregos enferrujados. O agente infeccioso entra no corpo através de feridas ou lesões e causa rigidez muscular, que pode levar à insuficiência respiratória e à morte.

No Brasil, a vacina contra tétano é administrada juntamente com as vacinas contra coqueluche e difteria e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. É oferecida aos bebês em três doses (aos dois, quatro e seis meses de idade), com reforços aos 15 meses e aos quatro anos. Os adultos devem tomar reforços a cada dez anos, ou a cada cinco em caso de lesões graves.