SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um estudo publicado na revista científica Journal of Alzheimers Disease associou o uso frequente de medicamentos para dormir a maior risco de desenvolver demência entre pessoas brancas.
A pesquisa analisou, durante 15 anos, 3.068 participantes adultos, dos quais 172 relataram tomar medicamentos com frequência ou quase sempre. Destes, 138 eram brancos e 34 eram negros. Entre os medicamentos, os pacientes citaram zolpidem, hidroxizina, melatonina, benzodiazepínicos, antidepressivos e anti-histamínicos.
A associação entre tipos específicos de medicamentos para dormir e o risco de demência, no entanto, não foi examinada devido ao poder estatístico limitado, de acordo com o estudo.
Nos primeiros anos (1997-1998), os pesquisadores registraram a frequência do uso de medicamentos para dormir perguntando: “Você toma pílulas para dormir ou outros medicamentos para ajudá-lo a dormir?” Com as seguintes opções de resposta: “Nunca”, “Raramente (1 vez por mês ou menos)”, “Às vezes (2 a 4 vezes por mês)”, “Frequentemente (5 a 15 vezes por mês)” ou “Quase sempre ( 16-30 vezes por mês)”.
A mesma pergunta foi feita de 1999 a 2000 e novamente de 2000 a 2002. Os participantes também foram questionados sobre a duração do sono e a frequência dos distúrbios do sono, incluindo dificuldade em adormecer e voltar a dormir depois de acordar. . No total, 617 (20%) participantes desenvolveram demência ao longo dos anos.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, foi o primeiro a associar o uso de hipnóticos ao risco de demência incluindo raça, segundo os pesquisadores. Os resultados mostraram que os brancos tinham três vezes mais probabilidade de tomar medicamentos para dormir com frequência ou quase sempre, em comparação com os negros.
Até o momento, não havia risco aumentado de demência para aqueles que tomavam medicamentos para dormir “às vezes”.
Segundo os pesquisadores, existe a possibilidade de que os negros que têm acesso a medicamentos para dormir sejam um grupo seleto de participantes. Segundo a publicação, esta população apresenta menor qualidade de sono e, por isso, o uso frequente de hipnóticos pode ter ajudado a mitigar ainda mais o risco de demência, melhorando essa qualidade.
“Também deve ser observado que pode haver preconceitos raciais na prescrição de substâncias controladas e, portanto, os diferentes tipos de medicamentos para dormir recebidos por negros e brancos podem ter contribuído para os diferentes riscos de demência nessas populações. e outros mostraram que os idosos negros tinham significativamente menos probabilidade de receber prescrição de benzodiazepínicos em comparação com os brancos não-hispânicos”, aponta o estudo.
Ainda segundo o estudo, ainda é controverso se os medicamentos para dormir são bons ou ruins para a cognição no longo prazo. “Como os distúrbios do sono aumentam o risco de demência, é plausível que o uso de hipnóticos possa beneficiar a cognição, melhorando a qualidade do sono”, diz a publicação.
Em maio, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma resolução que endurece a prescrição do zolpidem e do zopiclona, medicamentos indicados para o tratamento da insônia. A medida foi adotada após o aumento de denúncias de uso irregular e abusivo relacionado ao uso do medicamento.
Os medicamentos conhecidos como drogas Z -zolpidem, zopiclona (ou eszopiclona) e zaleplon- promovem estados dissociados, como confusão e sonambulismo, que colocam a pessoa em risco, e geram dependência quando usados por longos períodos.
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