Mais comum logo após o nascimento ou na primeira infância, o estrabismo pode surgir em qualquer idade e causar estigma social e impactos psicológicos, principalmente em crianças e adolescentes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a condição atinge cerca de 3% das crianças no país e, sem tratamento adequado, metade desses pacientes pode ter problemas de visão em decorrência da ambliopia, também chamada de preguiça de olho.
“O sistema visual de uma criança só está totalmente formado por volta dos sete ou oito anos e, quando o estrabismo aparece na infância, pode afetar o desenvolvimento da visão e das capacidades sensoriais, como perceber semelhanças ou diferenças em objetos com base na cor, forma, direção ou tamanho”, alerta o oftalmologista responsável pelo Serviço de Estrabismo do H.Olhos, Hospital de Olhos do Grupo Vision One, Fabio Pimenta.
O sinal mais característico do estrabismo é quando os olhos não estão alinhados corretamente – enquanto um deles indica que a pessoa está olhando para frente, o outro aponta em uma direção diferente. Os pais também devem ficar atentos quando a criança inclina a cabeça para compensar a dificuldade de focar nos objetos, aperta os olhos ou cobre um deles, reclama de visão dupla ou dor de cabeça.
Mesmo sem a presença de sinais ou sintomas, a recomendação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) é que o bebê seja avaliado por um especialista semestralmente, até os dois anos de idade, e depois anualmente.
A médica explica que “o estrabismo se caracteriza pelo desalinhamento entre o eixo visual de cada olho e pode se manifestar de diversas formas. Pode ser congênito, desde o nascimento, pode ser espontâneo, sem saber a causa, ou pode surgir em decorrência trauma ou doenças específicas”. Quanto mais cedo a condição for diagnosticada, maiores serão as chances de correção e desenvolvimento de uma visão mais completa.
“Assim que for identificado o estrabismo, devemos fazer uma investigação oftalmológica completa para corrigir a refração (grau de vidro), as diferenças de visão entre os olhos, o que chamamos de ambliopia (ou olho preguiçoso), além de ficarmos atentos a situações inusitadas como catarata, cicatrizes de retina, tumores, entre outras doenças oculares”, afirma o oftalmologista.
Segundo Fabio Pimenta, “o tratamento depende de cada tipo de estrabismo e pode ser iniciado com óculos graduados e, às vezes, oclusão, com o uso de um tapa-olho em um dos olhos. Também podem ser indicados óculos com lentes especiais chamadas prismas, que desviam a luz”. antes de atingir a retina e ajudar a corrigir a visão dupla. Em alguns casos específicos, a injeção de toxina botulínica é usada diretamente no músculo ocular contraído, para ajustar sua força.”
A cirurgia é indicada quando os tratamentos clínicos são ineficazes na correção do desvio e permite melhorar o alinhamento dos olhos, reduzir sua interferência no desenvolvimento visual e evitar que o paciente veja duas vezes as imagens. Além disso, contribui para a autoestima, o bem-estar e a qualidade de vida. A melhor prevenção para este e outros problemas oculares é levar seu filho regularmente ao oftalmologista para uma avaliação.
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