Entrou na menopausa? Oito coisas que você pode não saber sobre essa fase – Jornal Estado de Minas

Entrou na menopausa? Oito coisas que você pode não saber sobre essa fase – Jornal Estado de Minas



Interrupção da menstruação, diminuição da fertilidade e da libido, ondas de calor, instabilidade emocional e alterações na região íntima, como secura vaginal, são as condições mais conhecidas da menopausa. Mas engana-se quem acredita que este período é só isso. Na verdade, todo o corpo da mulher sofre alterações e alguns sintomas menos conhecidos podem aparecer antes mesmo das famosas ondas de calor ou da cessação completa da menstruação.

Para entender melhor esse período delicado da vida da mulher, especialistas listam algumas informações pouco conhecidas sobre a menopausa:

Você ainda pode engravidar

A menopausa marca o fim da produção de óvulos e, consequentemente, da fase reprodutiva da mulher, o que a impede de engravidar naturalmente. Mesmo que não tenha preservado a fertilidade através do congelamento de óvulos, uma mulher ainda pode ter um filho através da doação de óvulos, que consiste em doar um óvulo de uma mulher para ser fecundado em laboratório e implantado no útero de outra mulher.

“O procedimento começa com a realização de uma avaliação para garantir que a mulher tem condições de receber o embrião, que, se positiva, é seguida pela busca de uma doadora de óvulos. O óvulo escolhido é fecundado em laboratório por meio de sêmen, que também pode ser doado, no caso de gravidez por produção independente, ou colhido do parceiro da receptora. Após a fecundação e um breve período de maturação, o embrião formado é inserido no útero da receptora por meio de um pequeno cateter guiado por ultrassom”, afirma o especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo, Rodrigo Rosa.

Após cerca de 15 dias, é possível realizar exames para verificar a eficácia do procedimento, que, em geral, apresenta altos índices de sucesso, com 50% a 60% de chance de gravidez. “Com a confirmação da gravidez, a gravidez continua normalmente.”

Dor nas articulações é um sintoma

Embora pouco comentada, a dor nas articulações é outro sintoma comum da menopausa. “As articulações, assim como a cartilagem que as protege, possuem receptores de estrogênio, hormônio que contribui para a manutenção da saúde dessas estruturas. Portanto, à medida que a produção hormonal muda com a menopausa, as articulações ficam mais inflamadas, o que causa dores em áreas como mãos, joelhos e ombros e favorece o surgimento de condições como artrite e artrose”, afirma o ortopedista especialista em joelhos e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Marcos Cortelazo.

A médica explica que estratégias como controlar o peso, praticar exercícios físicos e adotar uma dieta anti-inflamatória podem ajudar a aliviar o sintoma. A terapia de reposição hormonal também pode ajudar, mas deve ser recomendada por um ginecologista. “Nos casos mais graves, onde a mulher já desenvolveu doenças como artrite e artrose, a consulta com um ortopedista também é importante para receber o tratamento adequado, diminuindo a dor e melhorando a qualidade de vida da paciente”, completa.

A saúde bucal é especialmente afetada

A mucosa oral é muito semelhante à mucosa vaginal e, portanto, responde de forma semelhante às alterações nos níveis de estrogênio que ocorrem durante a menopausa. “Como resultado, as gengivas podem ficar mais vermelhas e inflamadas, com maior propensão a sangramentos e doenças gengivais. Além disso, há redução do fluxo de saliva, causando ressecamento das mucosas orais. E, como a saliva é responsável por regular o pH da boca e proteger dentes e gengivas, o risco de cárie também aumenta”, explica o dentista e médico pela USP, Hugo Lewgoy.

Com gengivas mais inflamadas e sensíveis, é importante utilizar escovas interdentais atraumáticas. “Para reduzir o risco de doenças gengivais e cáries, também é recomendado dar preferência ao uso de escovas dentais com grande número de cerdas ultramacias, pois cerdas muito duras podem desgastar (abrasão) o esmalte dos dentes e piorar problemas gengivais. A escolha do creme dental também é importante, pois produtos formulados com lauril sulfato de sódio (LSS) podem ressecar ainda mais a boca”, orienta a especialista.

A pele também está danificada

As alterações hormonais características desta fase também podem ter grande impacto na pele, favorecendo o aparecimento de ressecamento, flacidez e afinamento. “Durante a menopausa, há uma diminuição significativa de estrogênio e progesterona. A consequência é o afinamento da espessura do tecido cutâneo e a redução das fibras de elastina e colágeno. O resultado é uma pele mais fina, enrugada e flácida”, afirma a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Paola Pomerantzeff.

Portanto, é importante adotar estratégias para lidar com esses efeitos. Segundo a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gerente técnica da Biotec, para combater a desidratação e a perda de elasticidade características dessa fase é importante optar por produtos tópicos que atuem revitalizando, hidratando e protegendo a pele.

Além da hidratação e do uso de antioxidantes, Paola Pomerantzeff também destaca a importância do uso diário de protetor solar. “Também é interessante investir em procedimentos que estimulem a produção de novas fibras colágenas, como bioestimuladores injetáveis ​​e ultrassom microfocado”, explica a dermatologista.

A função sexual diminui

Uma série de fatores pode prejudicar a libido durante a menopausa, fazendo com que a mulher deixe de ter relações sexuais. “Mas temos principalmente um problema hormonal. A queda nos níveis hormonais prejudica o desejo e a resposta sexual. Além disso, durante a menopausa, muitas mulheres já estão naquela fase de relacionamentos muito longos e duradouros, o que é um fator que prejudica claramente o erotismo e a frequência dos relacionamentos”, afirma a ginecologista, especialista em menopausa certificada pela North American Menopause Society (NAMS). e membro da Sociedade Internacional de Menopausa (IMS), Igor Padovesi.

“Durante a menopausa, atingir o orgasmo fica ainda mais difícil. A intensidade das sensações de prazer diminui nesta fase, a resposta orgástica é mais lenta e menos intensa. E isso só piora com o tempo”, afirma a médica, que destaca que, apesar disso, é fundamental que as mulheres mantenham viva esta prática durante a menopausa, pois é parte integrante da saúde feminina, com múltiplos benefícios.

“O sexo estimula o fluxo sanguíneo para a região genital, o que pode melhorar a lubrificação e ajudar a combater o ressecamento vaginal. Também fortalece a musculatura do assoalho pélvico, reduzindo a incontinência urinária e aumentando a sensibilidade, além de liberar substâncias que causam relaxamento e ajudam a combater o estresse e as oscilações de humor”, completa.

O inchaço é mais comum

Variações nos hormônios ginecológicos que ocorrem durante a menopausa também podem tornar a retenção de líquidos e o inchaço mais frequentes. “Durante a menopausa há uma dilatação dos vasos, levando a um maior acúmulo de líquidos. Geralmente, os pés são os primeiros a apresentar esse inchaço por efeito da própria gravidade, pois sustentam o nosso corpo”, explica a cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Aline Lamaita.

As medidas gerais para melhorar o desconforto incluem repouso com elevação dos membros, alta ingestão de líquidos e dieta rica em água para estimular a diurese, aplicação de compressas frias com chá de camomila e movimentação do membro. “A drenagem linfática também pode ser realizada para melhorar o inchaço, desde que não haja suspeita de trombose”, afirma o especialista.

A produtividade é afetada

As mulheres podem ter mais dificuldade em realizar certas tarefas devido a um sintoma conhecido como “névoa cerebral”. “Nevoeiro cerebral, ou ‘névoa cerebral’, é uma sensação de confusão mental, dificuldade de concentração, lapsos de memória e pensamento lento. Também pode prejudicar a tomada de decisões e a capacidade de resolução de problemas”, afirma Igor Padovesi.

Essa condição pode interferir na capacidade de realizar tarefas profissionais e pessoais, impactando diretamente na produtividade e no bem-estar. “E a frustração resultante destes lapsos de memória e a sensação de estar constantemente distraído podem levar à diminuição da autoestima e ao aumento da ansiedade”, acrescenta o médico, que afirma que, embora muitas pesquisas tenham demonstrado que existe uma natural declínio da memória feminina devido ao envelhecimento, especialmente após a menopausa, a causa exata permanece desconhecida. “Provavelmente está relacionado à flutuação hormonal inerente a esta fase da vida.”

Risco de lipedema aumenta

O lipedema é mais comum em momentos de grandes alterações hormonais, como a menopausa, devido a alterações nos receptores de estrogênio localizados na gordura. “O lipedema é uma doença crônica e progressiva caracterizada pela distribuição anormal e assimétrica de gordura em regiões como pernas, quadris e braços, com dor local e aparecimento de celulite”, afirma a médica Cláudia Merlo, que explica que o fortalecimento muscular da região inferior membros e a prática de exercícios aeróbicos de baixo impacto são indicados para controlar o quadro.

“Foi demonstrado que exercícios de vibração de corpo inteiro ajudam mulheres que sofrem de lipedema. Recomendo também o uso de roupas de compressão durante os exercícios, pois auxiliam na circulação sanguínea e no fluxo linfático e evitam que o distúrbio evolua para casos mais graves. Além disso, é importante modificar a dieta, retirando alimentos como açúcar, carboidratos simples, ultraprocessados, industrializados e alimentos ricos em sódio”, orienta a especialista.

Os sintomas são tratáveis

Para resolver os impactos causados ​​pela menopausa é fundamental atuar na sua causa, que é hormonal. Portanto, a terapia de reposição hormonal pode ser indicada. “A terapia hormonal consiste geralmente na utilização de estrogênios, em diferentes formas de aplicação, para manter os níveis hormonais femininos em valores próximos aos encontrados durante a vida reprodutiva da mulher”, comenta Igor Padovesi.

E diversas evidências destacam os benefícios e reforçam a segurança da terapia hormonal quando devidamente acompanhada por um especialista. “A maioria dos riscos conhecidos da terapia hormonal se deve à administração incorreta ou ao uso de hormônios sintéticos e orais, regimes terapêuticos utilizados no passado. Atualmente, é recomendado que a hormonioterapia seja realizada com hormônios ‘de forma não oral’, por exemplo, através da pele”, afirma a médica, que afirma que a hormonioterapia é recomendada para quase todas as mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa, com poucas contra-indicações.

“A HT oferece proteção cardiovascular, reduz o risco de diabetes, melhora o sono e a função sexual, estabiliza o humor e os danos causados ​​pela falta de estrogênio na pele, reduz o acúmulo de gordura corporal e reduz o risco de câncer colorretal, Alzheimer e mortalidade por várias causas. Mesmo as contraindicações da TH não são absolutas, podendo ser indicada após avaliação criteriosa dos riscos e benefícios”.

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