Só no ano passado, no Brasil, o câncer de pênis levou a 719 amputações do órgão, considerando os procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total de amputações, 289 ocorreram na região Sudeste; 188, na região Nordeste; 143, na região Sul; 55, na região Norte; e 44 na região Centro-Oeste. São números elevados dado que se trata de uma doença rara – representa apenas 2% de todos os tumores masculinos. Um hábito simples como a higiene correta do pênis reduz significativamente o risco da doença ou pode até preveni-la.
Segundo o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos o país atingiu uma média de 645 pênis amputados por ano. Além disso, de 2012 a novembro de 2022, no Brasil, foram registrados mais de 21 mil casos de câncer de pênis. A maioria dos casos em homens com idade entre 50 e 70 anos. No entanto, um terço dos casos ocorre em homens com menos de 50 anos. Os dados mais atualizados, do Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca), mostram que de 2011 a 2021 foram registradas 4.592 mortes por câncer de pênis.
“Assim, no Novembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre os tumores do aparelho reprodutor masculino, o câncer de pênis, além das doenças oncológicas da próstata e testículo, é um tema que também precisa estar em pauta”, diz oncológica cirurgião Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos de Cirurgia Oncológica do grupo BP-A Beneficência Portuguesa em São Paulo.
É possível prevenir
A prevenção do câncer de pênis começa pela conscientização sobre os fatores de risco. Dentre eles, os principais são:
- Falta de higiene dos órgãos
- Fimose: condição que pode ser corrigida com cirurgia, ocorre quando o prepúcio cobre a glande, dificultando a limpeza correta do pênis
- Infecções virais
- Comportamento sexual de risco
Neste aspecto, igualmente importante é incentivar a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), responsável pela infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. A vacina está disponível no SUS.
Sinais e sintomas
“O câncer de pênis é uma doença mutilante. Os homens devem ficar atentos a qualquer ferida no pênis que não cicatrize e procurar um médico para avaliação. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso do tratamento e menor o risco de amputação do pênis”, explica Gustavo.
Além da ferida, outros sinais da doença são:
- Dor
- Mudança na cor e textura da pele do pênis
- Crescimento ou lesão semelhante a uma verruga que pode ou não ser dolorosa
- Coceira
- Erupção cutânea vermelha
- Inchaço
- Corrimento persistente e fedorento
- Linfonodos inchados na virilha
Tratamento
O plano de tratamento é individual. Na maioria das vezes, a cirurgia é o principal tratamento adotado. Se o câncer estiver restrito ao prepúcio, uma circuncisão pode ser realizada. Tumores pequenos podem ser tratados com excisão simples ou penectomia parcial. Para a doença avançada, porém, é necessária a penectomia total, que consiste na retirada do pênis, redirecionando a uretra para trás dos testículos. “Nestes casos é feita uma uretrostomia (orifício) para que seja possível urinar”, informa o especialista.
Além disso, a radioterapia pode ser usada para tratar tumores em estágio inicial, combinada com cirurgia para remover gânglios linfáticos e para controlar a propagação e ajudar a aliviar os sintomas em estágios avançados.
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