Desde os primórdios da internet, as comunidades online têm sido um espaço para compartilhar interesses, mas essas conexões nem sempre são saudáveis. No X, antigo Twitter, uma das manifestações recentes desse fenômeno é o EDTW (Eating Disorder Twitter), grupos que reúnem jovens de todo o mundo para trocar técnicas de perda de peso e compartilhar ideias distorcidas sobre o próprio corpo e a alimentação.
Nessas comunidades, é comum o compartilhamento de fotos pessoais e autolesivas, memes que romantizam comportamentos nocivos e a exaltação de ídolos do K-pop, como o cantor sul-coreano Jang Won-young, cujo corpo magro é tratado como meta. Os perfis geralmente exibem informações como peso, altura e metas de perda de peso, muitas vezes decoradas com emojis e imagens fofas para mascarar conteúdo prejudicial.
Em uma das postagens, há uma sequência de fotos que mostram o antes e o depois de uma jovem, onde ela pergunta: “EDTWT você está orgulhoso de mim?”. Em outra, uma ilustração mostra o círculo vicioso de comer, passar mal porque comeu, não comer e passar mal porque não comeu.
Segundo a nutricionista Marcella Garcez, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), os transtornos alimentares vão muito além da alimentação e estão associados a distúrbios emocionais profundos que afetam o corpo como um todo. “A anorexia nervosa, por exemplo, é o transtorno mental com maior taxa de mortalidade, seja por complicações físicas, alterações psiquiátricas ou suicídio”, alerta a especialista.
Os distúrbios mais comuns incluem anorexia e bulimia, ambas marcadas pela obsessão pelo peso e pela percepção distorcida da imagem corporal. Outras condições, como o transtorno da compulsão alimentar periódica e o transtorno alimentar restritivo/evitativo, também trazem graves consequências para a saúde física e mental, mesmo que nem sempre estejam associadas ao desejo de perder peso.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam algum tipo de transtorno alimentar. A maior incidência ocorre entre os jovens, principalmente mulheres, com destaque para a anorexia nervosa entre adolescentes de 12 a 17 anos.
Redes sociais
A perpetuação de hábitos voltados para a perda de peso vai na contramão das campanhas de pressão estética promovidas pelas redes sociais. A relação entre a exposição a perfis de personalidades notórias, que realizam procedimentos estéticos e dietas, e a distorção da noção de corpo ideal, é antiga.
“As redes sociais criam bolhas onde se glorifica a magreza extrema, e isso atinge principalmente os jovens em momentos de vulnerabilidade”, explica Mara Maranhão, psiquiatra especializada em transtornos alimentares da Unifesp.
Um episódio recente e muito comentado é o da cantora Maiara, da dupla Maiara & Maraisa, considerado um caso de pressão estética, já que a artista perdeu 38 kg e hoje pesa 45 kg. Nas redes, a cantora falou sobre dieta, prática de exercícios físicos e acompanhamento médico.
Em suas postagens, os fãs comentam a possibilidade de transtorno alimentar – o que nunca foi confirmado pela cantora.
Consequências
A busca por um corpo “ideal” pode levar à desnutrição, problemas cardiovasculares, ansiedade, depressão e até morte. Identificar e tratar precocemente os transtornos alimentares é crucial para evitar essas consequências. “Não é incomum que pacientes com esses distúrbios apresentem deficiências nutricionais graves devido a padrões alimentares restritivos”, ressalta Marcella.
Além do tratamento médico, especialistas defendem a necessidade de combater a idealização de corpos irreais nas redes sociais. Promover uma relação saudável com a alimentação e o corpo, além de estimular conversas abertas sobre saúde mental, são passos fundamentais para prevenir o desenvolvimento de transtornos alimentares.
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