Dia dos Pais: reflexos da paternidade no desenvolvimento dos filhos – Jornal Estado de Minas

Dia dos Pais: reflexos da paternidade no desenvolvimento dos filhos – Jornal Estado de Minas



Segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), em 2023, dos 2,5 milhões de nascidos no Brasil, 172,2 mil deles foram registrados apenas com o nome da mãe, quantidade 5% superior ao registrado em 2022 , 162,8 mil. As informações da Arpen-Brasil foram obtidas por meio do Portal de Transparência do Registro Civil.

São dados que levantam questões sobre como a presença, bem como a ausência do pai, pode impactar a saúde mental, no presente e no futuro, dos filhos. “Embora tenhamos dados sobre o número de crianças sem o nome dos pais nas certidões de nascimento, a questão é mais complexa. São muitos os casos de crianças, jovens e adultos que, apesar de terem o nome do pai nos documentos, enfrentam na prática o abandono paterno”, explica a psicanalista e diretora-presidente do Instituto de Pesquisas dos Estudos da Mulher e das Existências Múltiplas (Ipefem), Ana Tomazelli.

A sociedade ainda vê o cuidado como uma função exclusiva da mulher

O conceito de paternidade ativa adquiriu uma nova dimensão nos últimos anos, sendo abordado pelo Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), do Ministério da Saúde. Este programa inclui iniciativas que incentivam a participação dos pais durante o parto e nos cuidados iniciais ao recém-nascido, promovendo o fortalecimento do vínculo desde o início. A presença do pai é fundamental tanto para o desenvolvimento dos filhos como para a saúde dos próprios pais.

A sociedade ainda tem o entendimento de que o papel de cuidador é exclusivo da mulher, e que a responsabilidade do homem neste aspecto é menor ou até inexistente. O estudo Atitudes globais em relação à igualdade de género, mostra que um quarto da população brasileira acredita que os homens que ficam em casa para cuidar dos filhos são “menos homens”. O relatório Situação da Paternidade no Brasil destaca que 82% dos pais brasileiros afirmam que fariam tudo o que fosse necessário para se envolverem profundamente nos cuidados do recém-nascido ou filho adotivo durante as primeiras semanas. No entanto, 68% deles nem sequer usufruíram da licença paternidade de cinco dias prevista em lei após o nascimento ou adoção dos filhos.

A presença paterna é fundamental no desenvolvimento dos filhos

“Na nossa sociedade, muitas vezes a ausência paterna é naturalizada. Quando os homens assumem o papel de cuidadores, muitos enfrentam conflitos emocionais, acreditando estar desempenhando um papel que não lhes pertence, o que impacta negativamente na criação dos filhos. Uma parentalidade saudável é crucial para o desenvolvimento de uma criança e os pais precisam de compreender que criar um filho é uma responsabilidade igualmente partilhada. A presença paterna é essencial, assim como o diálogo e a comunicação assertiva com os filhos. Como diz o provérbio africano, é preciso uma aldeia para criar uma criança. “A boa vivência de uma criança em sociedade começa dentro da família”, destaca a psicanalista.

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“Falando em presença, positivo, respeitoso, acolhedor, são muitos os benefícios para pais e filhos, como fortalecer vínculos afetivos e emocionais com os filhos, além de trazer mais sentido à vida do pai. Diversos estudos mostram que a presença paterna influencia diretamente no desenvolvimento cognitivo e social da criança. Além disso, também influencia a saúde mental da mãe. A presença do pai traz benefícios sistêmicos”, explica Ana Tomazelli.

Paternidade atípica: a importância da presença ativa

Há também a questão da paternidade atípica, ou seja, da presença do pai na vida dos filhos que apresentam alguma alteração no funcionamento cognitivo, neurológico ou comportamental. O estudo Retratos do Autismorealizado pela Genial Care e Tismoo.me, mostra que a maioria dos cuidadores são mães, e ainda existe um enorme estigma sobre as mulheres quando diagnosticadas com autismo.

O estudo constatou ainda que, das mais de 2 mil pessoas entrevistadas, 36% afirmaram sentir-se culpadas pelo estado da criança, sendo que destas, 89% eram mulheres e 11% homens. Outro estudo da Genial Care, Cuidando de quem se importamostra que 86% das pessoas que cuidam de crianças autistas são mães.

“Em muitos lares, a presença dos pais assume um papel coadjuvante no cuidado das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e precisamos, juntos, mudar esse cenário. Muitas pessoas perderam o emprego no Brasil durante a pandemia e um dos grupos mais afetados foram as mulheres que eram mães. Como principais responsáveis ​​pela educação e cuidado dos filhos, para muitos deles o “trabalho de criação” ganhou destaque pela pandemia e passou a ser realizado em tempo integral – ocupando o lugar antes dividido pelo trabalho formal. Para quem manteve o emprego, a jornada continuou dobrada. Isso significa que, para todos, há sobrecarga e falta de tempo para descanso”, explica a supervisora ​​de Terapia Ocupacional da Genial Care, Alessandra Peres. “A presença do pai pode aliviar a carga de trabalho e emocional da mãe e ajudar a criar um ambiente familiar mais equilibrado, o que é benéfico para todos os membros da família.”

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A presença do pai é muito importante para o desenvolvimento e bem-estar das crianças com autismo, e o seu papel pode ter um impacto profundo em diversas áreas. “São vários benefícios. Pais envolvidos que participam ativamente em diversas atividades da vida diária ajudam as crianças a desenvolver diversas habilidades. Ao longo do desenvolvimento, a criança necessita de diferentes tipos de assistência e estímulo que podem ser divididos entre os papéis materno e paterno. Por exemplo, no início da vida, a mãe é a fonte de nutrição e alimentação da criança. Porém, à medida que a criança se desenvolve e passa a controlar os movimentos do corpo, a presença do pai é um grande reforçador para tarefas que envolvem atividades sensório-motoras”, explica Alessandra.

Raízes históricas da ausência paterna

Ana Tomazelli destaca que a ausência paterna tem raízes sociais e históricas no Brasil. “Tenho a teoria de que este é um país que nasce sem pai, do ponto de vista ocidental. Os países colonizados em geral, especialmente os de colonização exploradora, como o Brasil, são países fundados na violência contra corpos femininos negros e indígenas, contra crianças nascidas sem pai conhecido. Há uma linha histórica que explica essa questão.”

A psicanalista destaca que, muitas vezes, os pais atuais também vivenciaram falta de competência parental com os próprios pais, vivenciando falta de afeto, falta de diálogo e até violência. “Embora isto não justifique ou desculpe comportamentos inadequados, parece que a paternidade foi transmitida de geração em geração de forma semelhante.”

Ana Tomazelli reforça que esta é uma postura que deve ser proposta pelas gerações atuais, que ainda podem transformar este cenário. “O que quero enfatizar é que é preciso que uma geração tome a decisão de quebrar esse ciclo. Cada vez mais, é essencial incentivar a reflexão não só entre os pais recém-chegados, mas também entre aqueles que já são pais, incluindo os pais mais velhos, para que reconsiderem o contexto atual e adotem novas formas de parentalidade.”



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