O Dia do Sexo é comemorado fora do calendário, no dia 6 de setembro, desde 2008. Este ano, cai nesta sexta-feira. Embora não exista a data “oficial”, na década de 1970 o tema foi elogiado em músicas, como “Mania de Você”, da cantora paulista Rita Lee, que descrevia o prazer e a sensação de dar água na boca de estar com alguém “tomando as roupas e molhadas de suor”.
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A data foi criada pela Olla, marca de preservativos, a partir de uma campanha publicitária para promover a compra de preservativos.
O dia é uma alusão à posição sexual “meia nove” e também se tornou cenário de discussões sobre liberdade sexual, prazer, prevenção, intimidade, consentimento, além de tabus e preconceitos sobre o tema.
A professora de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nina Rosas explica que a estratégia de criação da data promove o produto que vende.
O marketing de Olla se posicionou a favor do Dia do Sexo e argumentou que “dia das mães, dia dos pais, dia dos filhos, dia dos namorados e até dia do obstetra só existem por causa do sexo”.
“Podemos refletir um pouco sobre a multiplicidade de efeitos que a criação de um dia desta natureza pode ter. Mas é preciso entender que muitos desses diálogos são criados a partir do desejo de consumir e são imagens que se reproduzem e acabam criando valores e efeitos simbólicos dentro da sociedade”, comenta.
Sexo é tabu?
Rosas afirma que, para pensar no diálogo aberto, ou na falta dele, sobre o prazer na sociedade, seria preciso voltar mais de dois séculos para entender como essa prática foi muitas vezes demonizada. Ela diz que o catolicismo tem sua responsabilidade nisso: “Era entendido que a excelência da santidade estaria na castidade, então isso contribuiu para um período de repressão do prazer”.
“Antes dos métodos contraceptivos, o sexo era tabu, proibido ou prostituído, então a única maneira para as “pessoas boas” era associar esse sexo à reprodução das mulheres dentro do casamento.”
Ela explica que o sexo foi construído não apenas como uma proibição, mas também como objeto de segregação social.
“Quem são, tradicionalmente, as pessoas que ocupam o lugar do sexo livre, por prazer, mas que foram julgadas por uma posição social extremamente vulnerável? As prostitutas. O sexo foi historicamente construído a partir dessa proibição, de um lado a religião e de outro essa negação da mulher repudiada e empurrada para este lugar. Então, era o proibido e o prazer que deveria ser evitado.”
Assim, Nina Rosas destaca que, com a chegada da pílula anticoncepcional, ocorre uma transformação radical na forma como a sexualidade é exercida e a dissociação entre prazer, desejo e necessidade de reprodução.
“Ou seja, as pessoas podem fazê-lo por prazer e não ficarem confinadas a uma estrutura social heteronormativa específica ligada ao casamento”, acrescenta.
A professora diz ainda que falar de sexo também é sobre limites do corpo e, sobretudo, dos desejos.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata
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