O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira, 20, que distribuirá 6,5 milhões de testes rápidos para dengue. A estratégia visa agilizar o diagnóstico, focando especialmente em locais de difícil acesso a serviços laboratoriais.
A primeira remessa, com 4,5 milhões de testes, começará a ser distribuída em janeiro e deverá chegar a todos os estados da federação, enquanto as unidades restantes ficarão reservadas como estoque estratégico.
Para o infectologista e pediatra Renato de Ávila Kfouria medida é fundamental, mas os demais pilares também precisam receber a atenção necessária. “Um deles é o combate ao mosquito, que precisa continuar a ser feito, o outro é a política de vacinação, que precisa imunizar o maior número de pessoas possível, o terceiro é o manejo dos pacientes, que inclui orientação para a população, acesso a serviços de saúde, diagnóstico e tratamento”, afirma.
Quantos casos de dengue ocorreram em 2025 até agora?
A medida surge em um momento de preocupação. Em 2024, o país bateu recordes em número de casos e mortes, com 6,4 milhões de diagnósticos prováveis e mais de seis mil vítimas da doença. Em 2025, a expectativa é que os números não sejam tão superlativos, mas ainda devem ficar acima da média: segundo dados do ministério, em todo o país já existem mais de 87 mil casos prováveis.
Para tentar evitar que isso aconteça, o ministério anunciou a criação de Centro de Operações de Emergência (COE)que deve trabalhar diretamente com estados e municípios para centralizar a coordenação das ações de resposta à dengue. A secretaria também publicou relatório técnico recomendando que as prefeituras priorizem ações de combate às arboviroses no início da gestão.
Há ainda outro cuidado necessário: os dados da vigilância epidemiológica apontam para a circulação de sorotipo 3 da doença. A dengue possui quatro variantes diferentes – chamadas de sorotipos – e a infecção por uma delas garante proteção contra ela por toda a vida, mas não impede a contração de outros subtipos. Como o 3 não circula há pelo menos 17 anos, grande parte da população, principalmente crianças e adolescentes, não tem essa proteção, o que dá ao vírus um campo fértil para se espalhar.
Justamente por isso, a entidade reforça a necessidade de continuar a coleta de amostras para vigilância epidemiológica, além de testes rápidos. Isto acontece porque estes testes miniaturizados, embora detectem o vírus no sangue, não têm a capacidade de determinar o serótipo, algo possível com os testes serológicos e moleculares disponíveis nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública. “[Isso é] fundamental saber onde há maior circulação de cada sorotipo do vírus”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente, Ethel Macielem um comunicado.
Como combater a dengue em casa?
A responsabilidade do poder público não exime a população das ações de combate. Estima-se que 75% dos surtos ocorram em residências e, portanto, para evitar a propagação de Aedes aegypti medidas importantes como:
- Evite água parada em pneus, latas, lonas e garrafas vazias
- Observe plantas e vasos que possam acumular água
- Limpe o reservatório de água regularmente e mantenha-o fechado
- Desentupir calhas
- Elimine detritos
- Cubra piscinas que não estão em uso
- Permitir visitas de agentes comunitários de saúde
O uso de repelentes e inseticidas, embora limitado, também pode ajudar a prevenir infecções. Além disso, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, “qualquer indivíduo que apresente febre (39°C a 40°C) de início súbito e apresente pelo menos duas das seguintes manifestações – cefaleia, prostração, dores musculares e/ou dor nas articulações e atrás dos olhos – você deve procurar atendimento médico imediatamente para obter tratamento oportuno.”
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