Minas Gerais enfrenta um cenário preocupante no combate à dengue, com mais de mil mortes e 1,6 milhão de casos prováveis registrados este ano, segundo dados do Ministério da Saúde. A chegada das chuvas, que favorece a proliferação de mosquitos Aedes aegyptiintensifica o risco de novos surtos. Além disso, os mitos e a circulação de informações incorretas podem contribuir para a propagação da doença.
Infectologista da São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica, Guenael Freire fala sobre a importância da vacinação como estratégia para reduzir a mortalidade e os casos graves. A vacina é recomendada para todas as pessoas entre quatro e 60 anos e está disponível na rede pública para crianças e adolescentes de dez a 14 anos.
“A vacina e a informação de qualidade são ferramentas para combater a epidemia, reduzir internações e mortes, principalmente neste momento em que a situação é tão crítica devido ao aumento da proliferação do mosquito”, afirma Guenael.
O especialista alerta para os mitos e a desinformação que circulam sobre a doença e a vacina. Entre as narrativas que precisam de esclarecimento, ele nega a ideia de que a segunda infecção por dengue seja sempre hemorrágica e reforça que a vacina não altera o DNA nem causa câncer. “É fundamental que a população tenha acesso a informações corretas para tomar decisões informadas sobre vacinação e prevenção”.
Atualmente, segundo Guenael, a classificação da Organização Mundial da Saúde para dengue divide a doença em dengue clássica, dengue com sinais de alerta e dengue grave. “O termo dengue hemorrágica é errôneo porque nem sempre haverá hemorragia. O mecanismo de agravamento é diferente, porque o paciente perde líquido e fica desidratado devido às alterações na permeabilidade vascular. Por isso insistimos tanto na hidratação”, recomenda.
O infectologista explica que a dengue, na sua forma grave, pode levar à morte, e a dengue clássica raramente traz complicações. “A dengue com sinais de alerta pode se complicar se a hidratação não for precoce e vigorosa”.
O mosquito transmissor da dengue é um vetor conhecido por transmitir também outras doenças, como chikungunya, zika e febre amarela urbana, explica Guenael. Existem quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue e a infecção por um sorotipo não protege contra os outros. Com isso, uma mesma pessoa pode ter quatro dengue ao longo da vida, acrescenta o especialista, lembrando que as reinfecções aumentam o risco de dengue grave.
Guenael esclarece que a vacina contra dengue funciona simulando uma infecção natural, mas com vírus enfraquecidos, incapazes de causar dengue em pessoas saudáveis. A limitação de aplicação devido à idade ocorre porque os estudos não incluíram idosos, por questões de segurança. “Esse público pode ser vacinado mediante solicitação do médico”, afirma.
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