CFM pede à Anvisa banimento do uso de PMMA para preenchimento estético – Jornal Estado de Minas

CFM pede à Anvisa banimento do uso de PMMA para preenchimento estético – Jornal Estado de Minas


O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomendou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que o uso de polimetilmetacrilato (PMMA) como substância de carga seja banida e solicitou a suspensão imediata da produção e comercialização de cargas à base do produto no Brasil. O pedido foi apresentado nesta terça-feira (21) durante reunião na sede do órgão regulador.

O documento destaca a posição de entidades como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que, em 2024, alertou que o uso do produto na forma injetável pode causar complicações como infecções, reações inflamatórias, necrose, insuficiência renal aguda e crônica, que pode levar à morte do paciente. “É um produto de difícil remoção e, quase sempre, com consequências graves e mutilantes para o paciente”.

Outra entidade citada no pedido é a Sociedade Brasileira de Dermatologia que, também em 2024, alertou que procedimentos que exijam o uso de PMMA devem ser indicados e realizados por médicos, pois podem produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, inclusive reações incuráveis ​​e persistentes – edema local, processos inflamatórios e reações alérgicas, além de reações tardias anos depois.

“Diante de tudo o que foi exposto e visando a proteção da sociedade, o Conselho Federal de Medicina recomenda a proibição do uso do PMMA como substância de preenchimento e solicita à Agência Nacional de Vigilância Sanitária a suspensão imediata da produção e comercialização de produtos à base de PMMA. enchimentos de polimetilmetacrilato (PMMA) no Brasil.”

Entender

O PMMA é um componente plástico com diversos tipos de aplicações, tanto no setor da saúde como no setor produtivo, dependendo da forma como a matéria-prima é processada e desenvolvida. Pode ser encontrado, por exemplo, em lentes de contato, implantes esofágicos e cimentos ortopédicos. Na área estética, o PMMA é utilizado para preenchimento dérmicoem forma de gel.

Relatos de complicações relacionadas ao uso do componente em procedimentos estéticos têm se tornado mais frequentes no Brasil. Em 2020, uma influenciadora digital perdeu parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com PMMA. Ano passado, outro influenciador morreu depois de passar por um procedimento cosmético para aumentar as nádegas.

Anvisa

Atualmente, o PMMA está autorizado pela Anvisa para tratamento reparador em casos de correção volumétrica facial e corporal, forma de tratar alterações de volume causadas por sequelas de doenças como a poliomielite (paralisia infantil), e para correção de lipodistrofia, alteração do corpo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, causada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com HIV/AIDS.

A aplicação do PMMA, segundo a Anvisa, deve ser realizada por profissional médico ou dentista habilitado. “O profissional é responsável por determinar a quantidade necessária para cada paciente, de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de utilização do produto. O PMMA não é indicado em procedimentos com fins estéticos, sendo aprovado pela Anvisa para fins corretivos.”

Estética

Levantamento do CFM divulgado em setembro revela que, dos 3.532 cursos de estética cadastrados no Sistema de Regulação do Ensino Superior (e-MEC) do Ministério da Educação, 98% não exigem que os participantes tenham formação em medicina – embora grande parte dos as aulas são destinadas ao ensino de técnicas invasivas e arriscadas, como aplicação de fenol e PMMA.

Os dados mostram ainda que os cursos de estética oferecem mais de 1,4 milhão de vagas – 81% delas vinculadas ao ensino a distância. “A proliferação de cursos de estética para não-médicos e a frequente prática do crime de exercício ilegal da medicina motivaram a aprovação de um pacto em favor da segurança do paciente e em defesa do ato médico”, informou o CFM, na época.

O documento contém compromissos firmados por representantes dos Três Poderes, do Ministério Público e de entidades médicas, além de órgãos de defesa do consumidor. A proposta, segundo a entidade, é evitar o que chama de “invasão das competências exclusivas do médico”. No comunicado, o conselho também cita “uma situação de descontrole e desrespeito” à chamada Lei do Ato Médico e exige a adoção de medidas urgentes para garantir o cumprimento do que está estipulado na legislação brasileira.

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